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Confesso que, à época, não me empolguei com o retorno do Cuca. Ainda estava claro em minha mente aquele treinador depressivo, chorão ao extremo e um tanto quanto rancoroso dos tempos de Botafogo.
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As passagens por Santos e Fluminense, em 2008, haviam sido insignificantes e em nada contribuíram para os dois clubes, muito pelo contrário quase os leva à segunda divisão.
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Sua volta, após um período de descanso depois da conquista do campeonato estadual pela urubuzada, foi recebida sem muito entusiasmo não só por mim, mas também por boa parte da torcida tricolor. E ainda havia ficado a impressão de que sua dispensa teria sido causada por problemas de relacionamento com o elenco rubro-negro, o que evidenciava resquícios do rancor demonstrado no Botafogo.
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Pois bem, para nossa alegria, Cuca chegou diferente, mais otimista, nada de depressão e além de tudo parando com aquelas reclamações ridículas, extirpando de vez a fisionomia de donzela perseguida. Com o fim do chorôrô, voltou a mostrar a mesma competência da época em que dirigia o Goiás.
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Seu trabalho à frente do Fluminense foi excelente, uma recuperação incrível. Méritos no afastamento dos preguiçosos e promoção da garotada boa de bola, que só precisava de uma chance real.
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Sua permanência em 2010 foi uma bola dentro da diretoria tricolor.
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Chato que logo no primeiro jogo treino do ano, contra o Rio Branco, tornou a ser expulso de campo por reclamação contra a arbitragem. Que coisa feia Cuca, pensei que o chororô tivesse ficado pra trás.
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Mantendo a coerência, Cuca solicitou a permanência para 2010 dos atletas que se destacaram no final do ano passado, não só os titulares, mas também os que, mesmo na reserva, participaram ativamente com seu apoio e dedicação nas horas em que foram chamados a atuar.
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Rafael, Fernando Henrique, Ricardo Berna, Gum, Digão, Dalton, Cássio, Mariano, Diogo, Maurício, Diguinho, Dieguinho, Marquinho, Conca, Equi González, Fábio Neves, Kiesa, Alan, Fred, Maicon, Adeilson, Raphael Augusto ficaram para formar a base do plantel para esse ano.
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Novas Contratações
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Das novas indicações para contratação, o único que chega com status de titular absoluto é o Julio Cesar, credenciado pelo brilhante campeonato realizado pelo Goiás, a ponto de ser considerado o melhor lateral do Campeonato Brasileiro.
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Os demais são apostas e a torcida terá que aguardar seus desempenhos para poder tirar melhores conclusões. São eles:
Thiaguinho, vindo de atuações discretas pelo Botafogo, discretas até demais a ponto de ser dispensado ao final da temporada. Como reserva do Mariano, pode ser que quebre um galho, mas a equipe ainda carece de um lateral direito ao nível de um Gabriel ou Leo Moura, últimos laterais do clube com passagens vitoriosas.
Ewerton. Apresentado ora como meia, ora como volante, tem como maior credencial o fato do Estevão Soares, que tinha sido seu técnico no Barueri, o ter indicado com veemência para o Botafogo. Nos dois jogos contra o Fluminense seu futebol não apareceu.
Williams. Cuca o considera um excelente jogador, que atua pelos dois lados do campo, como meia e segundo atacante e que pode ser um bom curinga. Com relação a ele, o treinador declarou: "Ele foi muito bem no Vitória, mas não foi tão bem no Palmeiras, no ano passado. Temos que conversar e ver o que aconteceu lá". A torcida tricolor já está calejada quanto a jogadores que brilham no Vitória e fracassam em clubes de maior expressão, pois só no ano passado o Fluminense contratou três malas, que não deram certo. No Palmeiras, Williams foi tão mal que o Muricy o dispensou, mesmo com todo o apoio da Traffic. Tomara que dê certo, mas não creio que venha a ser titular absoluto.
Leandro Euzébio. Cria da casa, mas como a maioria dos revelados em Xerém não vingou no clube. Nem mesmo chegou a jogar uma partida sequer no time titular e foi dispensado. Retorna agora após disputar a temporada passada pelo Goiás. Vai ter que suar muito a camisa para desbancar Gum, Digão e Dalton.
Promoção de juniores.
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Dori e Bruno Veiga. Duas boas promessas. Dori embora tenha sido o artilheiro da equipe no campeonato Brasileiro Sub-20, apresentou-se melhor na Copa São Paulo. Por ter acompanhado todas as suas apresentações em ambas as competições, fiquei com a impressão que ultimamente tem rolado um pouco de salto alto. Nada que o Cuca não consiga consertar durante os treinamentos e aqueles bate-papos informais.
Bruno Veiga mostrou habilidade nas duas competições. Peca um pouco pela compleição física. Um tratamento semelhante ao que foi realizado com o Zico talvez fosse o ideal.
Ferreira e Neves. Dois volantes normais, nada demais, longe da categoria de Arouca e Diego Souza, mas se o Cuca viu qualidades pode ser que com o tempo suas habilidades floresçam.
Detalhamento do elenco para 2010.
Rafael (25) – Contrato até 2014
Fernando Henrique (26) – Contrato até o final de 2011
Ricardo Berna (30) – Contrato até o fim de 2010
Mariano (23) - Contrato até 2013
Dieguinho (20) – Contrato até o final de 2012
Thiaguinho (25) – Contrato até dezembro de 2011
Julio Cesar (27) – Contrato até final de 2011
Dalton (19) – Contrato até o final de 2012
Digão (21) – Contrato até o final de 2012
Gum (24) – Contrato até agosto de 2012
Cássio (23) – Contrato até o final de 2010
Diguinho (26) – Contrato até o final de 2012
Diogo (23) – Contrato até maio de 2010
Maurício (21) – Contrato até o fim de 2010
Conca (26) – Contrato até o final de 2011
Equi Gonzáles (29) – Contrato até o final de 2010
Fábio Neves (23) – Contrato até agosto de 2011
Marquinho (23) – Contrato até dezembro 2011
Raphael Augusto (18) – Contrato até 2013
Adeilson (25) – Contrato até junho 2010
Alan (20) – Contrato até 2014
Maicon (19) – Contrato até junho de 2012
Fred (26) – Contrato até março de 2014
Kiesa (23) – Contrato até maio de 2010
Ewerton (25) – Contrato até dezembro de 2013
Willians (21) – Emprestado pela Traffic até 2014. Contrato com cláusula de liberação no caso de proposta do exterior.
Leandro Euzébio (28) – Contrato até dezembro de 2011
Dori (19)
Bruno Veiga (19)
Neves (19)
Ferreira (19)
O goleiro Cléver, de 20 anos, também foi incorporado ao elenco.
Os Pecados de Cuca
Conquanto a maioria das decisões do treinador tricolor tenha sido acertada, algumas mancadas imperdoáveis merecem destaque.
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A maior delas, sem sombra de dúvidas, foi o afastamento de Tartá do elenco. Nenhum tricolor que acompanha de perto as exibições da equipe consegue aceitar a decisão, face o descalabro de sua essência.
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Tartá é uma jóia, cria de Xerém, que já mostrou por diversas vezes sua capacidade de decisão. Atuações épicas, como as dos segundos tempos contra Portuguesa e São Paulo, no Brasileirão de 2008 e mais recentemente contra o Cruzeiro, em pleno Mineirão, deveriam ser suficientes para garanti-lo na equipe. Tanto o fato é verdade que vários clubes já se movimentam para contratá-lo. Além do mais, colocá-lo no mesmo barco dos demais jogadores afastados, que muito pouco ou nada fizeram de útil para o Fluminense, a não ser sangrar os seus cofres, é uma decisão estapafúrdia.
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Incrível mesmo como se pode abrir mão de um jogador como Tartá e ficar com Fábio Neves, só para citar apenas um dos atuais meias tricolores.
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Que nossa diretoria amadora pelo menos tenha o bom senso de não se desfazer desse craque, que tem contrato até agosto de 2012. Que o empreste para ganhar experiência, como dizem alguns, para que uma nova diretoria a ser eleita no final do ano tenha a sabedoria de reintegrá-lo ao elenco.
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É claro que é só uma baita coincidência, mas depois que Tartá não concordou que parte de seus direitos federativos fossem cedidos à Traffic sua vida no Fluminense se complicou. Que coincidência intrigante.
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Outro pecado do nosso treinador, uma autêntica bola fora, foi o de não ter dado uma segunda chance ao Urrutia.
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Quem teve a oportunidade de acompanhar aos jogos da LDU na Libertadores de 2008, pôde avaliar a qualidade desse jogador, um volante que desarma com facilidade, sabe passar a bola com precisão e ataca com eficiência, tendo inclusive marcado um belo gol na vitória de 4 x 2 sobre o próprio Fluminense.
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O resultado do único jogo em que participou com a camisa tricolor realmente foi catastrófico, Grêmio 5 x 1, mas muito menos por culpa dele. Quem não se lembra do primeiro gol gremista, marcado por Adeilson contra, depois de ter cometido uma falta desnecessária na entrada da área?
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E a atuação pífia do Cássio, que também fez um gol contra numa cabeçada tosca, além de perder infantilmente a jogada que resultou no quinto gol dos gaúchos?
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Se fosse para levar em consideração essa partida, Adeilson e Cássio deveriam ter sido dispensados logo após o apito final, mas tiveram novas chances e conseguiram se recuperar. Medidas desiguais para problemas semelhantes soam a injustiça, ainda mais se for considerado o fato de que Urrutia esteve parado por quase seis meses devido a uma cirurgia .
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O último pecado foi insistir com a indicação do Ariel, jogador caro, com contrato em vigor pelo time rebaixado pelo Fluminense, pré-requisitos para uma negociação difícil.
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Enquanto isso, outros jogadores disponíveis no mercado, não tão caros e mais adequados para ficar na reserva do Fred, davam sopa. Williams, que brilhou no Avaí e recentemente contratado pelo Grêmio é um dos exemplos. Se fosse para trazer alguém de peso e para ser titular, o Leandro, campeão pelo Flu em 2005, poderia ter sido uma opção melhor.
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De qualquer modo, o elenco está definido, embora o Cuca ainda deseje mais um atacante. De minha parte, torço para que alguém da direção perceba a estupidez que estão fazendo e resolva reintegrar o Tartá, pois certamente ele ainda será de muita utilidade nas competições desse ano.
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E DÁ-LHE FLUZÃO!
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