Hora de descruzar os braços. As falhas são sempre cometidas pelos mesmos. Por que não reciclá-los e dar chances a outros? |
Toda rodada é a mesma coisa. O Fluminense joga bem, mas não vence. Os solitários atacantes até que se esforçam e conseguem marcar, mas a defesa e o meio de campo inevitavelmente têm entregado o ouro.
Contra o Botafogo, a coisa foi além da conta. O primeiro gol originou-se de cobrança de lateral em que Marcio Rosário com sua força bruta foi batido facilmente pelo veloz Elkeson, que depois passou por Gum com a tranquilidade de quem rouba doce de criancinha.
No segundo, um contra-ataque comandado por Loco Abreu, que carregou a bola desde a sua intermediária sem ser molestado por nenhum defensor tricolor. É mole, ou quer mais? Equipe completamente atabalhoada, posicionando-se de modo errado numa cobrança de escanteio a seu favor.
Após os jogos, as lamentações de sempre. Primeiro com Abel e sua declaração recorrente de que “o Fluminense precisa vencer, em primeiro lugar. Não tem jogado de maneira que não possa ganhar. Precisamos ganhar para voltar à confiança. Temos jogadores que fazem a diferença”.
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A assertiva final da declaração é que deixa a Torcida preocupada, porque não os temos mais. O melhor do campeonato passado foi “liberado” quase que graciosamente para um clube chinês, o outro meia que deveria desequilibrar não sai do departamento médico, o atacante que se deslocava e infernizava as defesas adversárias hoje joga no líder do atual campeonato e Mariano perdeu o “punch”. Restou apenas o Fred, que sempre às voltas com contusões, não é nem sombra do que foi nas campanhas anteriores.
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Se houvesse realmente a possibilidade de vendê-lo para o clube turco, não pelos míseros € 6 milhões, (R$ 14 milhões) oferecidos e sim por pelo menos R$ 25 milhões, valor ainda muito abaixo do que estabelece a multa rescisória, o clube estaria em condições de trocar seu artilheiro por um local para a construção do sonhado CT.
Abel lamentou também o modo como a virada foi conseguida pelo adversário: “- No primeiro gol, o jogador rodou em cima do meu de maneira infantil. No segundo, aconteceu após um escanteio a meu favor” e ainda completou com essa pérola: “as pessoas pensam que fazemos milagre ou mágica”.
Não, caro Abel, as pessoas não pensam e não querem que o treinador faça milagres ou mágicas. O que elas pensam é que o treinador tem a obrigação de dar um padrão de jogo a sua equipe, posicionar seus defensores de modo adequado, com base nos erros cometidos durante as disputas e afastar os atletas que não estejam em condições físicas ideias ou que cometem repetidas falhas. Nesse particular, vários se enquadram nessa situação, como: Marcio Rosário, Digão, Gum, Carlinhos, Rafael Sobis, Souza, Marquinho e Fernando Bob.
As pessoas esperam que o treinador esteja consciente de que nada adianta encher uma equipe de atacantes se desguarnece o seu meio de campo, pois sem criatividade a bola não chega à frente em condições de arremate. Sobram os chutões dos zagueiros e volantes, que invariavelmente voltam para os pés dos adversários.
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A verdade nua e crua é que as pessoas começam a perceber que a temporda nos Emirados transformou Abel num técnico sem a antiga criatividade e audácia para barrar os titulares que não estão bem.A realidade
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A verdade nua e crua é que as pessoas começam a perceber que a temporda nos Emirados transformou Abel num técnico sem a antiga criatividade e audácia para barrar os titulares que não estão bem.A realidade
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Abel ainda fala em reação no segundo turno. Pode ser que aconteça, mas para isso terá que reformular totalmente a equipe, abrindo mão daqueles que não souberam aproveitar as inúmeras oportunidades oferecidas.
Depois do treinador, os tricolores ainda tiveram o dissabor de tomar conhecimento das críticas do Gum, ao afirmar que “a equipe bobeou, permitindo a virada e não deveria ter tomado os gols da maneira que tomou”. Estranha declaração, visto ter tido ele papel preponderante na lambança no gol do Elkeson.
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E por falar no Elkeson, os comentaristas cantaram loas a sua atuação, chegando a dizer que o meia botafoguense ganhou de Lanzini por nocaute e outras baboseiras.
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Esqueceram de olhar para o lado. A supremacia não foi de Elkeson sobre Lanzini e sim do meio campo do Botafogo sobre o do Fluminense. Enquanto Elkeson era auxiliado por Renato, Maicosuel e Marcelo Matos, Lanzini tinha que se virar com Diogo, Edinho e Souza. Esse desafio só mesmo o Conca seria capaz de suplantar.
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Mas o que incomoda mesmo é o fato de que Elkeson poderia estar jogando a favor. O dinheiro mal aplicado na renovação do Marquinho ou o que é gasto com o Araújo, por exemplo, seriam mais do que suficientes para trazê-lo para as Laranjeiras.
Essa situação, porém, parece não ter fim. Trocas de presidentes são insuficientes para que o clube aprenda a contratar. Influências malignas de empresários espertos e alguns inescrupulosos parece ser a tônica do Fluzão.
Haja paciência!