Ainda bem que o Fluminense tem o Fred
O jogo foi tão ruim que fica difícil escrever sobre ele.
Portuguesa e Fluminense proporcionaram um espetáculo horroroso, sem nenhuma técnica. O amor ao Tricolor foi a única justificativa para manter os torcedores à frente da TV. Certamente adeptos de outros clubes mudaram de canal ou caíram num sono profundo.
Ainda bem que temos o Fred, que mais uma vez definiu a partida num lance de categoria, ao receber um passe preciso de Mariano, outro destaque positivo na noite de ontem.
A situação da equipe fica pior porque dessa vez a torcida não pode cobrar a falta de empenho. A turma correu bastante, o que sinaliza mais uma vez que o problema pode estar na falta de versatilidade do "onze" escalado ou mesmo na qualidade do elenco.
No primeiro tempo praticamente nada de interessante ocorreu. Apesar da velocidade imprimida pelas duas equipes, as poucas oportunidades que surgiam eram desperdiçadas por chutes bisonhos.
Na etapa complementar o panorama alterou-se ligeiramente. A Lusa deixou a retranca um pouco de lado e começou a atacar, chegando a criar algumas escaramuças, contudo sem assustar o goleiro Rafael.
O Fluminense também teve suas chances com Everton e Marquinhos, que erraram as conclusões.
O marasmo só foi interrompido graças ao gol de Fred, obtido aos dezesseis minutos do segundo tempo, com um arremate da meia-lua, após dominar a bola passada por Mariano.
O jogo parecia liquidado, mas com a expulsão de Marquinho, Vagner Benazzi trocou um zagueiro e um volante por dois atacantes. Em contra partida, Cuca substituiu Alan, que não vinha bem, por Diogo, recuando Everton para cobrir a lateral.
A Portuguesa passou a jogar em seu campo de ataque, mas sem conseguir vencer a defesa tricolor apelou para chutes fora da área, até que num deles Rafael se enrolou e deu rebote, não aproveitado pelo atacante paulista.
O jogo seguiu assim até que quase em seu final, quando Willians cometeu falta nas proximidades da área, felizmente não aproveitada pela Portuguesa. Se o adversário fosse o Botafogo, Grêmio ou São Paulo, provavelmente estaríamos amargando um empate ao apagar das luzes.
Nas entrevistas, Cuca declarou que em mata-mata não tem jogo bonito, que se joga feio mesmo. Provavelmente não viu os jogos do Fluminense na Libertadores e também deve ter esquecido os de seu próprio time na recente Copa Sul-Americana. Isso sem falar no Santos, que atua com dois meias criativos e três atacantes.
Valeu pela vitória, pela vantagem obtida, mas serviu também para encher a torcida de preocupação ao ver que os adversários das próximas fases deverão ser Grêmio e Santos.
Depois de mais uma apresentação medíocre, a comparação entre esse time e o da arrancada do Brasileirão se faz necessária.
O meio campo continua rateando. Diguinho até que jogou bem, praticamente não fez faltas, mas Conca teve mais uma atuação apagada. Tem crédito, deve estar exaurido por ser o único jogador criativo do setor. Everton corre muito e produz pouco, muitos chutes de fora da área, a maioria sem direção. Creio que já tenha passado a hora do Cuca dar uma oportunidade para valer ao González, não apenas poucos minutos quando faz vez ou outra. Na forma ideal, Equi poderá dividir com Conca a armação das jogadas, além de aumentar a possibilidade de sucesso na cobrança de faltas. Sem entrar em campo, entretanto, nunca adquirirá ritmo de jogo. Os jogos “carne assada” com os pequenos durante a Taça Rio foram oportunidades de ouro jogadas fora.
A defesa, desde que o trio Gum, Digão e Dalton foi desfeito não transmite mais a confiança do fim do ano passado, principalmente porque qualquer bola alçada para a área é um “Deus nos acuda”.
Infelizmente pelo que parece, a reedição do trio está cada vez mais distante, pois influenciado por gente inescrupulosa, Dalton deseja desligar-se do clube por causa de míseros R$ 13 mil não depositados em sua conta de FGTS.
Mais uma lambança dessa diretoria acéfala, que já havia perdido Arouca por não ter renovado seu contrato em tempo hábil e vendido Maicon pela metade do valor de sua multa rescisória, além de tantas outras exaustivamente comentadas. As bobagens são tantas e tão constantes que a gente fica com a pulga atrás da orelha de se tratar realmente de incompetência.
Resta torcer para que a Juíza Adriana Malheiros,responsável pelo caso, enxergue com clareza a verdadeira intenção dessa demanda e dê ganho de causa ao Fluminense.
Cuca ressaltou que com a saída de Maicon o time perdeu suas jogadas de velocidade. Isso era o óbvio ululante para qualquer um que acompanhasse aquele mágico time de guerreiros. A pergunta que se faz é por que não demonstrou veemência contra a saída prematura do craque? Estaria acreditando que um menino de 17 anos, reserva do time de juniores, viria a ser a salvação da lavoura?
A lateral esquerda é outro problema crônico. Ao barrar justamente Julio Cesar, que ainda não conseguiu estrear com a camisa do Flu, Cuca escalou Marquinho, que já tinha tido milhões de oportunidades no setor, ora substituindo o próprio Julio Cesar, ora substituindo Dieguinho ou João Paulo. E não podia dar outra: nada fez de útil, além de conseguir uma expulsão boba.
Espero que um dia Cuca se lembre que o titular da posição era o Dieguinho, que mesmo sem ser um craque excepcional, mostrou melhor desempenho que as opções utilizadas até agora.
Alan, depois de ser execrado publicamente pelo gol perdido contra o Botafogo, perdeu a confiança. Não fez nada em campo, praticamente errou tudo. Talvez leve algum tempo para voltar a apresentar o futebol de outrora.
Capítulo à parte, o goleiro Rafael. Nitidamente nervoso por saber que se falhar irá para a reserva, quase põe tudo a perder aos 31 minutos do tempo final ao se enrolar todo e devolver a bola para o atacante da Lusa, que graças a Deus não soube o que fazer com ela.
Nesse caso, creio que Cuca errou feio. Se o goleiro está em má fase e não transmite confiança, talvez precisando de um reforço no treinamento, deve ser preservado antes que volte a falhar e colocar a equipe em dificuldades.
Não sou fã de Fernando Henrique, mas talvez seja a hora dele voltar, principalmente porque na Copa do Brasil a vaga poderá vir a ser decidida nos penaltis, condição impossível do Fluminense sair vitorioso com Rafael, que não tem a mínima noção de colocação nessas penalidades.
Só nos resta torcer para que o técnico abra seus olhos e escale o melhor possível para o jogo da volta e principalmente para as batalhas posteriores, porque levar sufoco desse time da Portuguesa é dureza.
Finalmente, uma pergunta que não quer calar: o que será que o nosso treinador estava pretendendo quando colocou o Willians? Talvez o recorde para o Guinness Book porque ele entrou aos 42’ e aos 46’ fez uma falta desnecessária nas proximidades da área. Fosse contra um adversário mais encorpado, bye-bye vitória.
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E apesar de tudo, DÁ-LHE FLUZÃO!
(crédito da foto: terra.com.br)