No momento em que a
diretoria tricolor estuda a prorrogação do contrato de Cristóvão Borges, julgo
importante debater algumas de suas atitudes.
Embora para muitos possa
parecer oportunismo usar a derrota humilhante de quarta-feira para questionar o
trabalho do técnico, encontro-me com a consciência tranquila por não ser essa a
minha motivação.
Aliás, deixo claro que se
dependesse de mim Cristóvão seria mantido no cargo sem dúvida alguma, mas não
com toda essa carta branca ilimitada para lidar com o elenco.
Desde a sua chegada
Cristóvão com seu jeito simples cativou a todos, inclusive a mim, principalmente
por nos livrar daqueles esquemas de jogo à base do “bumba meu boi”, com equipes repletas de volantes brucutus, que não
deixavam nenhuma alternativa aos zagueiros senão as tentativas de municiar o
ataque na base dos chutões.
Com Cristóvão o time
cresceu, obteve bons resultados e cada vez mais tanto torcedores como cronistas
ficavam maravilhados com os seus "milagres".
O desempenho do time passou
a chamar a atenção dos adversários e aí começaram a aparecer deficiências e erros
recorrentes.
Cristóvão apontou o cansaço
da equipe como causa dos maus resultados e passou a sinalizar para a
necessidade de poupar os mais exauridos.
Cabe acrescentar a
estranheza sobre a alegação de cansaço da equipe, afinal a derrota para o
Criciúma aconteceu depois das novas férias de dez dias e pré-temporada de quase
um mês proporcionadas pelo recesso do campeonato devido à realização da Copa do
Mundo, ou seja, enquanto os tricolores voltaram desgastados o adversário
veio “voando”, inclusive o veteraníssimo Paulo Baier.
Após o tropeço o time se
acertou e chegou quase à perfeição no jogo contra o Atlético Paranaense, porem, o
estilo de jogo parecido com o samba de uma nota só o tornou previsível e o
sufoco proporcionado pelo Coritiba, lanterna do Campeonato Brasileiro, deveria
ter servido de alerta.
A atuação sofrível do
primeiro tempo já deveria ter mostrado ao nosso treinador a necessidade de
mudanças já no intervalo. E a primeira deveria ser a entrada de Fred no lugar
de Sobis, que se arrastava em campo e nada de útil produzia.
Não, Cristóvão continuou com
a preferência de tirar o Cícero e manter em campo outros atletas menos
habilidosos e mais cansados, equívoco já ocorrido no jogo em Criciúma.
E ainda deu azar porque foi
justamente Chiquinho, o seu escolhido, que errou feio no lance que originou a
jogada de empate.
A culpa sobre a perda da chance
de ficar mais próximo ao Cruzeiro recaiu mais uma vez no desgaste dos titulares
e novamente enfatizada a necessidade de poupá-los.
Comecei, então, a pensar como deveria ser a
equipe que estaria em campo para o jogo de volta com o América-RN.
Imaginava ver Fernando na
lateral esquerda, Rafinha como volante, Scarpa no meio, Matheus Carvalho no
ataque infernizando a defesa nordestina, que já entrava em campo perdendo de
três.
Esqueci, porém, que
Cristóvão não gosta de trabalhar com a prata da casa, tal é a facilidade com
que ele se livra dela.
Desde que chegou que eu me
lembre seis já foram descartados: Higor, Lucas Patinho, Michael, Samuel, Marcos
Junior, Willian.
Aí entraram os prematuramente
esgotados e deram vexame maior, bem maior que o do Felipão no Mineirão.
Outra coisa que me incomoda
no Cristóvão é a sua mania de colocar jogador para treinar em separado.
Justifica-se o treinamento
em separado para jogadores indisciplinados ou em litígio com o clube.
Gostei da barração do Leandro Euzébio, que a meu ver já está veterano demais, mas daí a alijá-lo dos
treinamentos com o grupo apenas por suas fracas atuações soa como um ato covarde e sem
nenhum propósito, ainda mais porque com Leandro Euzébio mesmo em sua pior fase o time jamais havia perdido de cinco.
Aliás, se atuações fracas dessem razão
a treinamentos em separado, o que fazer agora com o Fabrício, sua indicação por
demais desastrosa. Talvez forçá-lo a treinar em Brasília ou outro lugar mais longe ainda seja a única solução.
Recentemente a mídia
divulgou que o zagueiro Wellington Carvalho também está treinando em separado
por ordem do Cristóvão. Atitude estranha para a qual Peter ou Angioni deveriam
direcionar seus olhares.
Em suma: acho que Cristóvão
deve continuar no comando, mas com uma pressãozinha da diretoria para parar de
fazer asneiras, que acabam comprometendo um trabalho que começou de forma brilhante.
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