Amarga, mas previsível, embora a paixão e a
esperança pelo Tricolor não permitissem que os torcedores enxergassem que a
possibilidade de desclassificação era maior do que poderiam supor.
O jogo foi uma comédia de erros.
A começar pela ausência de Felipe do banco de
reservas. Além da equipe entrar em campo sem meia armador algum, Abel abriu mão
do único jogador que poderia cadenciar o jogo em caso de necessidade.
Essa postura do treinador já extrapolou os limites
do aceitável.
Depois vem o Rhayner, que poderia sair consagrado
pelo gol da classificação não fosse a falta desnecessária e infantil que
originou o empate.
Lógico que ele não poderia prever a falha grotesca
de Cavalieri na cobrança, fato que não o redime da jogada.
Revendo o lance sem a emoção da partida é que me
pergunto por que o Abel ainda não conseguiu corrigir esse erro de fundamento
recorrente nesse bom jogador?
São faltas perigosas nas laterais do campo jogo
após jogo, verdadeiros sufocos para a nossa defesa. Será que o treinador já
percebeu a deficiência?
Cavalieri também não foi a costumeira muralha e
isso sempre ocorre após as semanas em que só fica “treinando”. Poupar goleiro é
coisa típica do Abel e prática dispensada pelos técnicos de ponta do país.
Aí vem a lambança do Digão: um pênalti infantil,
que poderia ser facilmente evitado. Bastaria cercar o atacante que a jogada
morreria por si.
Do que decorre outro questionamento às táticas do
Abel. Se o empate ainda servia, por que cargas d’água o time deixou desprotegida
uma zaga com poucos recursos?
Com a vantagem a seu lado, os paraguaios voltaram
ao estilo retrancado do jogo de ida e então a deficiência tricolor mostrou-se
ainda mais nítida.
Sem dispor de homem de criação, que soubesse
executar lançamentos de longa distância, as ações ofensivas resumiram-se em
chuveirinhos inócuos facilmente afastados pela defesa contrária.
Nenhuma defesa de vulto de Martín Silva e as poucas
oportunidades que Carlinhos teve foram desperdiçadas com chutões para o alto,
em vez de passes para companheiros em melhores posições.
O passar do tempo sem que nada acontecesse fez com
que Abel resolvesse alterar a equipe, o que acabou resultando numa série de
desacertos.
Colocou Thiago Neves e sacou Bruno, sempre ele,
deixando em campo um apático Wellington Nem, que nada de útil fez nos mais de cento
e oitenta minutos dos dois jogos.
Quando Jean sentiu uma contusão, preferiu Samuel em
detrimento de Sobis, artilheiro da equipe na temporada e único atacante com
poder de chute de fora da área.
Só oito minutos depois é que se conscientizou da
nulidade de Nem e o substituiu por Sobis. Nessa hora, porém, já estavam
consumados o “cai-cai”, a cera
desmedida, o sumiço das bolas e as faltas desclassificantes, contemporizadas
pelo árbitro.
E assim, fomos novamente alijados de uma semifinal.
As palavras de Abel na coletiva de que não faltou
luta e que o adversário foi sufocado parece choro de perdedor.
Dizer que está orgulhoso do grupo que teve
dignidade também não leva a nada.
Seria dignidade empenhar-se durante a partida? Isso
não é mais do que obrigação para um grupo de atletas regiamente remunerados,
alguns dos quais com salários superiores aos que deveriam ser pagos por suas
qualidades técnicas.
Menos Abel, menos. Por que você não cuida de fazer
o time jogar como no tempo do Cuca?
Não desejo transformar a postagem do dia em uma
caça às bruxas.
Mais culpado do que Abel e os atletas são os
responsáveis pela montagem do elenco, que não conseguem ver que há carência de
zagueiros de qualidade e criatividade no meio de campo.
Celso Barros já questionou, por exemplo, os custos benefício
das contratações de Deco e Thiago Neves pelo alto número de lesões.
Deco pior ainda porque, além das lesões, demonstrou
irresponsabilidade ao tomar medicamentos manipulados em que contaminações podem
ocorrer com frequência.
Talvez se Barros agisse com mais eficiência poderia
direcionar esses investimentos para um meia armador, um atacante e pelo menos um
zagueiro de categoria.
Agora só nos resta torcer pelo pentacampeonato, que
será difícil face aos reforços contratados pelos principais adversários.
Ainda assim, DÁ-LHE
FLUZÃO!
DETALHES:
Olimpia 2 x 1 Fluminense
Local: Defensores del Chaco, Assunção (PAR); Data: 29/5/2013
Árbitro: Daniel Fedorczuk
(Fifa-URU)
Auxiliares: Miguel Nievas
(Fifa-URU) e Carlos Pastorino (Fifa-URU)
Gols: Rhayner, aos 9' e Salgueiro, aos 34' e 40' do
primeiro tempo.
Cartões amarelos: Digão e
Jean
Olimpia: Martín Silva; Miranda, Manzur e
Candia; A. Silva, Caballero (Ferreyra, 20'/1ºT) (Báez, 43'/2ºT), Ortíz, Pérez e
Salinas; Bareiro e Salgueiro (Paredes, 36'/2°T) -
Técnico: Ever Almeida.
Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno (Thiago
Neves, 17'/2ºT), Digão, Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean (Samuel,
23'/2ºT) e Wagner; Rhayner, Wellington Nem (Rafael Sobis, 31'/2ºT) e Fred - Técnico: Abel Braga.