O futebol atual apresentado pelo Fluminense me transporta invariavelmente aos tempos de infância quando brincava nos balanços, escorregas e gangorras da pracinha perto de casa.
E gangorra é exatamente em que foi transformado o outrora time de guerreiros, face às inúmeras oscilações da equipe.
Desculpas mil são arroladas pelo treineiro quase todas desembocando no lugar comum do time em formação.
Time em formação? Como assim, se as mesmas deficiências de agora já aconteciam no ano passado quando o clube dispunha de um dos melhores elencos do Brasil.
A situação no Brasileiro passado com seguidas derrotas para os últimos colocados: Vitória, duas vezes, Criciúma, Botafogo, Coritiba e Chapecoense, também duas vezes, inclusive com goleada em pleno Maracanã, os diversos empates desastrosos, além do vexame histórico na desclassificação da Copa do Brasil têm a mesma causa: a falta de um treinador minimamente capacitado.
Dirigentes amadores e incapazes de enxergar o óbvio não conseguem perceber a causa principal do fracasso tricolor e passivamente aceitam as desculpas desconexas passando inclusive a advogar em favor do responsável pela péssima fase, chegando ao cúmulo de considerar satisfatória a sexta posição obtida no campeonato nacional e a consequente perda da vaga na Libertadores.
Perdeu-se assim a oportunidade de livrar o Fluminense desse estado de incompetência que o assola e que completará um ano no próximo mês.
Na equipe de hoje não existe coerência nas escalações e principalmente nas substituições.
Tática, leitura de jogo? Impossível e sem perspectivas de melhoras enquanto a grande maioria dos treinamentos for calcada em rachões.
Os poucos sucessos obtidos devem-se exclusivamente às habilidades individuais de alguns de seus atletas e apenas nas ocasiões em que estão inspirados.
Muito pouco para um elenco de custo tão elevado e provavelmente o mais caro em comparação com os dos demais concorrentes cariocas.
A verdade nua e crua é que aos poucos a vontade de assistir ao clube de coração vai perdendo a força, como também a vontade de escrever sobre os sucessivos fracassos tricolores tende a desaparecer.
Não é mais possível ouvir-se tantas desculpas esfarrapadas repetidas à exaustão.
É preciso um basta nas declarações esdrúxulas de sempre:
_ “Garanto que o time se classificará no G-4”; “Tivemos dificuldades porque o adversário nos esperou no campo deles”; “Nós perdemos profundidade, criatividade”... “Estávamos fazendo muitas faltas e trazendo o time deles nas bolas paradas”; “Nossa equipe foi abaixo do que joga normalmente”; “Fomos menos criativos”; “Tivemos dificuldades de movimentação”; “Tecnicamente, com os erros de passe, isso fica muito difícil”; “O time está em formação e por isso vai oscilar”...
Atualmente ao ouvi-las o sangue ferve nas veias de muitos tricolores.
E o pior é que se depender da dupla de advogados que comanda o futebol a tendência é que a coisa continue sem alteração até o fim do ano.
Mario Bittencourt declarou-se satisfeito com o treineiro na semana passada.
Ontem, Peter Siemsen ressaltou que o objetivo é ter um trabalho longo com uma comissão técnica permanente e a manutenção do treinador pelo máximo de tempo possível.
Destaca que Cristóvão apresenta um custo-benefício interessante e quando se trabalha com técnico novo, olhando o futuro, podem acontecer situações adversas.
Não consegue ver, porém, que a comissão técnica do Fluminense é virtual. Ao contrário dos demais treinadores, sejam brasileiros ou estrangeiros, vistos nos jogos sempre trocando ideias com seus auxiliares, Cristóvão é único.
Só ele decide, não precisa se aconselhar com ninguém. Afinal não é burro, como afirma a quase totalidade dos torcedores tricolores.
E assim iremos sofrer durante todo o campeonato brasileiro na esperança de não termos que depender de uma falha do Flamengo ou de uma Portuguesa qualquer para nos mantermos na elite.
Independente de tudo o amor pelo Fluminense nos forçará sempre a torcer pelas vitórias, mesmo tendo plena consciência de que as poucas que vierem representarão a quase certeza de fracasso na temporada.
Em se íntimo cada tricolor tem plena consciência que uma improvável derrota para o Botafogo poderia ter significado as mudanças que tanto almeja.
Em se íntimo cada tricolor tem plena consciência que uma improvável derrota para o Botafogo poderia ter significado as mudanças que tanto almeja.
Será um ano duro, podem crer!
João de Deus terá que trabalhar como nunca imaginou.
DETALHES:
CAMPEONATO CARIOCA
10ª Rodada: Macaé 1 x 0 Fluminense.
Local: Moacyrzão, Macaé, RJ; Data: 15/03/2015
Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães
Auxiliares: Wendel Paiva Gouvêa (RJ) e Gabriel Conti Viana (RJ)
Gol: Juninho, aos 31' da etapa final.
Cartões amarelos: Edson, Marlon e Vinícius
Macaé: Ricardo Berna, Max, Brinner, Filipe Machado e Diego; Alisson, Dos Santos, Éberson (Juninho, intervalo) e Fernando Santos (Tiago Pedra, 35'/2°T); Pipico (Marquinho, 27'/2°T) e Giancarlo. Técnico: Josué Teixeira
Fluminense: Cavalieri, Wellington Silva, Gum, Marlon e Fernando; Edson, Jean, Gerson (Vinícius, 17'/2°T) e Wagner (Michael, 33'/2°T); Marcos Júnior (Lucas Gomes, intervalo) e Walter. TREINEIRO: Cristóvão Borges
***
9ª rodada: Fluminense 3 x 0 Bonsucesso
Local: Estádio Mario Flho (Maracanã), Rio de Janeiro, RJ; Data: 12/03/2015
Árbitro: Alexandre Tavares de Jesus (RJ)
Auxiliares: Dibert Pedrosa Moises (RJ) e Flávio Manoel da Silva (RJ)
Gols: Gerson, aos 4', Kenedy, aos 9' e Edson, aos 15' da etapa inicial.
Árbitro: Alexandre Tavares de Jesus (RJ)
Auxiliares: Dibert Pedrosa Moises (RJ) e Flávio Manoel da Silva (RJ)
Gols: Gerson, aos 4', Kenedy, aos 9' e Edson, aos 15' da etapa inicial.
Cartões amarelos: Jean, Gerson, Edson, Fred, Gum
Fluminense: Cavalieri, Wellington Silva, Marlon, Victor Oliveira (Vinícius, 22'/2°T) e Giovanni (Gum, 3'/2°T); Edson, Jean, Gerson e Wagner; Kenedy (Walter, 15'/2°T) e Fred. TREINEIRO: Cristóvão Borges.
Bonsucesso: Preto, Ivan, Jadson, Elton e Christiano; Marquinhos, Julio Cesar (Clodoaldo, intervalo), Fernando e Geovani (Robertinho, 23'/2°T); Denilson e Matheus (Miguel, intervalo). Técnico: Marcelo Salles.
Um comentário:
Honestamente?
Discordo do título.
Não vejo gangorra.
Só se for do estilo de brincadeira em que uma criança de 8 anos coloca uma de 4 "de castigo", presa no alto, sem que haja os movimentos de sobe e desce, de oscilação.
A rigor, fizemos um jogo decente no ano.
E só.
Antes houvesse um fenômeno de gangorra.
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