A colher de chá dada por Roberto
Sander, ao publicar em seu blog o nosso desabafo sobre a desastrosa apresentação
do Tricolor contra o Huachipato, possibilitou um debate sadio sobre o atual desempenho
do Fluminense.
Os mais de duzentos comentários postados
no blog do ilustre tricolor demonstraram que a maioria dos torcedores anda com
um “pé atrás” com o nosso treinador.
Boa parte deles sugeriu a troca e alguns
chegaram até a incitar ações baderneiras e violentas, totalmente desprovidas de
bom senso.
Não acho que a solução passe pela
substituição do Abel, principalmente pelo fato de que praticamente a totalidade
dos técnicos brasileiros igualmente preferir os tais esquemas cautelosos, com escalações
repletas de “cabeças de área”,
verdadeiras apologias à retranca.
O problema é grave e vem desde as categorias de base, onde a preferência por “marcadores trogloditas” inibe a formação dos meias armadores tradicionais. Não é a toa que a criatividade das equipes de vários clubes tradicionais esteja a cargo de jogadores estrangeiros, sem contar o Conca, principal responsável pelo título de 2010.
Os recentes resultados obtidos pela
Seleção são provas incontestes de que o futebol brasileiro virou refém da praga
dos volantes em excesso.
A exceção fica por conta do Cuca, que sempre
arma esquemas ofensivos e que certamente ainda obterá títulos de expressão se
algum dia conseguir deixar de lado o “complexo
de vira-lata chorão”.
Tite poderia ser outra opção, porque apesar
de também ser um apologista de jogar recuado, não costuma formar “panelinhas” e com isso escala sempre os
atletas em melhores condições técnicas.
Além do mais, não dorme nos louros da
vitória, procurando sempre reforçar a sua equipe, como ocorreu recentemente
quando foi buscar três jogadores para o time titular, deixando no banco alguns
de seus campeões mundiais.
Tê-lo no Fluminense, porém, é coisa
praticamente impossível, visto estar arraigado ao Corinthians, clube da moda,
querido da CBF, protegido da mídia e até de Brasília, a ponto de presenteá-lo
com um estádio, a maior parte construída à custa do dinheiro público.
A meu ver, portanto, a substituição do
Abel não é garantia para conquistas, a menos que a diretoria pudesse buscar
alguém em plagas estrangeiras e que chegasse com táticas mais modernas.
No momento atual, talvez mais eficaz
seja uma “chacoalhada” do presidente na
comissão técnica com o objetivo de extinguir a categoria de “titulares perpétuos protegidos”, que só
serve para colocá-los numa zona de conforto deletéria para o clube.
Aliás, o comprometimento exagerado de
Abel com alguns atletas chega ao ponto de evitar que os eventuais substitutos
tenham qualquer chance no time titular.
O fato é repetido à exaustão e ocorrerá
novamente amanhã contra o Audax, como pode ser notado pela escalação divulgada,
que mais uma vez não contará com nenhum meia armador.
Nem as declarações de Wagner, ao saber
que seria o responsável pelas funções do Thiago Neves e transcritas a seguir, serviram
para sensibilizar o treinador que, ao ter o Deco vetado, voltou atrás, preferindo
improvisar e insistir que a criatividade do meio de campo ficasse a cargo do
atacante.
- "Estou acostumado a jogar desta maneira. Foi assim que tive os melhores anos na minha carreira, como no Cruzeiro. É bom ter liberdade e poder encostar na frente até com a possibilidade de finalizar” – afirmou Wagner.
A entrada de Rhayner contraria,
inclusive, a tônica defendida pelo Abel de que manteria sempre o mesmo esquema de
jogo.
Ora, para mantê-lo a solução óbvia
seria a entrada de Felipe no lugar de Deco, principalmente numa ocasião em que
o meia teve atuação destacada em todos os treinamentos da semana.
Não há como entender a linha
de raciocínio de Abel, a não ser a influencia que uma eventual atuação
brilhante de Felipe poderia ter na titularidade de Edinho, se algum dia o Deco
readquirir as condições ideais.
Outro ponto a considerar é que a
categoria de “titulares perpétuos”
compromete os planejamentos futuros, ensejando que a comissão técnica solicite apenas
contratações pontuais e para composição de elenco, além de contribuir para a renovação de
contratos de atletas sem condições de serem titulares em nenhum clube de ponta
do país.
Como tricolor verdadeiro, torço para
que minhas suposições estejam erradas, apesar das ações de nosso treinador até
agora terem demonstrado o contrário.
O fato de Felipe ter sido relacionado para o banco pode ser um indicativo que a teimosia de Abel esteja se dissipando. Quem sabe acontece um milagre de João de Deus?
E DÁ-LHE FLUZÃO!
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