A guerra de vaidades entre Peter Siemsen
e Celso Barros certamente acabará por trazer prejuízos irreversíveis ao Fluminense.
Sem entrar no mérito a quem cabe a maior
culpa pela crise o fato é que ambos sob suas próprias óticas se sentem como o
centro das atenções e julgam estar com a razão.
Peter como mandatário do clube, se
sente fortalecido pelo estatuto e toma as decisões unilateralmente.
Celso, em contrapartida, por ser o
dono do dinheiro sempre se achou no direito de participar efetivamente das
decisões do clube com relação às contratações de treinadores e atletas.
Embora não fosse o modelo ideal, as
coisas poderiam transcorrer de maneira mais amigável não fossem os egos
inflados de ambos os mandatários.
Na realidade, tanto Peter como Celso possuem
“egos grandes” como definiu
sabiamente em sua autobiografia Lee Iacocca, o homem forte durante longos anos de
duas das maiores empresas internacionais, a Ford Motor Company e a Chrysler
Corporation.
De acordo com Lee, são egos que buscam
reconhecimento a todo o tempo e precisam sempre estar recebendo tapinhas nas
costas. São pessoas que pensam ser mais que todo mundo e tratam com prepotência
os demais e como consequência acabam causando mais prejuízos que benefícios às
instituições que dirigem.
As posturas de ambos mostram
claramente que nenhum deles está preocupado com os destinos do Fluminense.
Peter por achar que a obrigação
contratual assumida pelo ex-patrocinador tem que ser cumprida a qualquer preço
encastela-se em sua sala como se fosse uma torre de marfim inexpugnável e não
admite de modo algum procurar encontrar uma solução conciliadora que aplaque a
crise, mesmo sabendo que o clube não tem condições de assumir sozinho os salários em questão.
Celso por sua vez, ignorando que no
Brasil contratos firmados talvez sejam os únicos instrumentos que são levados a
sério por todas as camadas da sociedade, num arroubo de prepotência optou pela
rescisão unilateral da parceria.
Sua atitude impensada criou-lhe um
embaraço porque nada poderá ser feito para reverter a obrigatoriedade de efetuar os pagamentos.
Embora tenha afirmado por diversas
vezes de que iria cumprir os compromissos acordados com os atletas e que jamais
criaria subterfúgios para fugir da obrigação, a realidade tem sido bem
diferente.
A nota divulgada pela própria Unimed,
reproduzida a seguir, deixava claro sua intenção de honrar os compromissos contratuais
assumidos com atletas tricolores, embora afirmasse ver com bons olhos as
perspectivas de suas negociações.
“A Unimed-Rio reitera que seu maior compromisso é com o pagamento da rede assistencial, formada por hospitais, clínicas e cerca de 5 mil médicos cooperados, em benefício de seus mais de 1 milhão de clientes. Pretende honrar seus compromissos com alguns atletas do Fluminense, cumprindo um cronograma de desembolso que levará em conta, entre outros fatores, a disponibilidade de caixa da cooperativa e a perspectiva de negociação desses profissionais“.
Pois
bem, as palavras de Celso não condizem com suas ações posteriores.
Ignorando
totalmente a ética passou a receber indistintamente dirigentes de qualquer
clube, ouvir e aceitar propostas de todas as espécies para gáudio de jornalistas
inescrupulosos que fomentam o descumprimento dos acordos assumidos com os
atletas.
Passou a exercer pressão demasiada no
intuito de conseguir a rescisão dos contratos e quando não conseguiu seu intuito
simplesmente passou a atrasar os pagamentos.
Conca, o mais humilde da turma, foi o
primeiro a pular fora e resolveu voltar a um país do qual tinha saído fugido há pouco
mais de um ano.
Peter, em contrapartida, passou a
desfilar seu arsenal de mesquinharias ao se negar a estampar a marca Unimed nas
mangas das camisas, sob a alegação de já ter feito essa proposta durante as
negociações e que a mesma havia sido rejeitada.
Perdeu a chance de mostrar grandeza de espírito aproveitando-se da
mudança de postura de Celso quanto à proposta para amenizar o problema e
aumentar a chance de manutenção dos poucos craques que permanecem no elenco.
A pintura do painel da Unimed no muro
do estádio das Laranjeiras e a colocação de tarjas grenás sobre as mangas
durante o Torneio da Flórida foram atitudes de pessoa truculenta, incapaz de
retroceder numa ação.
Enquanto isso presidente e dirigentes se
propõem a fazer mutirões à caça de alguns trocados e com pires mão o que deverão conseguir provavelmente serão patrocinadores de segunda linha com
aportes irrisórios para a grandeza do Fluminense, como o atual que paga mais ao
Flamengo para estampar sua marca apenas na parte de trás das camisas.
E caberá a nós torcedores ter que
aguentar a mediocridade que promete assolar as apresentações do Tricolor nas
competições que estão por vir.
Torço para que esteja enganado, mas a situação como se apresenta não está nada boa.
Lamentável!
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