Fluminense e Botafogo proporcionaram um jogo nervoso, muito pegado, com muita raça e pouca técnica.
O resultado foi ruim para os dois, com o Fluminense perdendo a liderança e o Botafogo ingressando na zona de rebaixamento. Menos mal para o Fluzão que tem amplas possibilidades de retornar à ponta na semana próxima.
Os jogadores do Botafogo pareciam estar em campo com as facas nos dentes, tanto que corriam e se esforçavam. Dois deles inclusive, Marcelo Cordeiro e Somália estavam tão transtornados que causaram estranheza a muita gente.
Penso que a tristeza e frustração do Muricy, por mais que ele tentasse esconder, acabaram por influenciar a equipe tricolor, que não mostrou a vibração e motivação de jornadas anteriores, atributos que a tornaram quase imbatível nos últimos tempos.
E justamente por termos um comandante como Muricy é que deixaremos de lado a análise do jogo para enaltecer sua hombridade e caráter, atributos praticamente ausentes nos meandros de nosso futebol e de certo modo também nos diversos ramos de nossa sociedade.
Antes do jogo, Muricy declarou que recusara a Seleção em respeito à história do Fluminense.
Na coletiva após a partida, completou:"Tinha que respeitar uma nação e uma história, o convite foi uma honra e a gente tem que fazer aquilo que manda a nossa cabeça".
Ao ser indagado se teria recusado por temer a pressão que haverá sobre o técnico por ser a Copa realizada no Brasil, respondeu:"Infelizmente é triste. Um convite desses é difícil recusar. Eu não disse não, mas dependia do Fluminense, que não liberou. Eu sou do tempo que quando assina um contrato, tem que cumprir. Eu poderia fazer uma pressão, mas não é minha linha. Deixei para o Fluminense decidir e ele não me liberou".
E acrescentou:"Em Copa do Mundo, o treinador é pressionado o tempo todo. Não só o treinador, o time também. E estamos acostumados.
Para aqueles que o criticaram por não ter insistido com a diretoria do Fluminense para liberá-lo do compromisso, Muricy declarou:"Você pergunta e se o Fluminense te mandar embora? É problema do Fluminense. Existe torcida, um patrocinador forte e passou tudo isso. Não é normal, só que pelo que eu penso na vida, é natural. O meu caminho é o respeito".
"Não faço nada hoje pensando no que vou ganhar no futuro. Não sou assim... não tenho medo de nada, só da morte, enquanto meus filhos não estão totalmente encaminhados. Depois disso, não terei medo nem da morte".
Toda essa situação poderia ter sido evitada se a CBF tivesse em sua direção pessoas capazes e comprometidas com o sucesso do futebol brasileiro, que compreendessem não ter cabimento a insistência para que o treinador assumisse a Seleção em tempo integral já nessa segunda-feira, ainda que o segundo semestre do ano não apresente nada de significativo para a própria Seleção, a não ser alguns poucos amistosos "caça-níqueis" para os quais a população estará "se lixando"."Acredito nessas coisas, respeitar as pessoas. Acredito nisso. Alguém pode dizer: esse cara parece louco, mas eu não sou louco. Para mim, é assim que funciona".
Com seis meses pela frente a diretoria tricolor teria tempo suficiente para contratar um substituto à altura de Muricy e certamente o liberaria no próximo ano.
Um pouco de flexibilidade viabilizaria a aceitação de Muricy que tem capacidade suficiente para dar conta simultaneamente das duas empreitadas.
A CBF preferiu manter a intransigência e acertou com Mano, um bom técnico, mas muitos furos abaixo de Muricy. Paciência, bola pra frente.
Muricy continuará focado no trabalho em seu clube e logo que a ressaca passar estará comandando a equipe com aquela vibração de sempre rumo ao título brasileiro.
E DÁ-LHE FLUZÃO!
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E DÁ-LHE MURICY, HOMEM DE PALAVRA!
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(crédito da foto: terra.com.br)