segunda-feira, 11 de maio de 2009

Estádio Manuel Schwartz (Estádio das Laranjeiras): 90 anos de glórias.

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Isso mesmo, hoje é o dia. Em 11 de maio de 1919, há exatos noventa anos, era inaugurado o estádio do Fluminense Footbal Club com capacidade inicial para 18.000 espectadores. No jogo inaugural, a Seleção Brasileira venceu a Chilena por 6 x 0, em partida válida pelo Campeonato Sul-Americano.
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Em 1922, o Estádio foi ampliado com a construção de mais um lance de arquibancada e sua capacidade aumentada para 25.000 pessoas.
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O objetivo da ampliação era o de sediar dois dos eventos comemorativos do Centenário da Independência, os Jogos Olímpicos Latino Americanos, na realidade o precursor dos Jogos Pan-Americanos e o Campeonato Sul-Americano de Seleções.
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Os custos da ampliação foram totalmente cobertos pelo clube, apesar da mesma ter sido realizada a pedido das autoridades que precisavam de um local adequado para a realização dos eventos.
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Segundo estimativas da imprensa à época, em diversos jogos tanto do Fluminense como da Seleção Brasileira, a lotação oficial do estádio foi ultrapassada alcançando mais de 30.000 espectadores.
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No final dos anos cinquenta, a Prefeitura do antigo Distrito Federal desejou desapropriar o estádio por causa das obras de duplicação da Rua Pinheiro Machado, o que ensejou uma série de negociações com a direção do clube.
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Finalmente em 1961, após marchas e contramarchas, o então Governo do Estado da Guanabara acabou por desapropriar parte do terreno do estádio, que perdeu o lance de arquibancada contíguo à Rua Pinheiro Machado.
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Os detalhes dessas negociações não ficaram muito claros. Provavelmente não houve boa vontade por parte dos políticos e dos engenheiros e arquitetos do Estado para uma solução tecnicamente mais racional. O projeto para construção do antigo estádio do Club Atlético de Madrid poderia ter servido de inspiração para soluções mais criativas.
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O fato é que com a desapropriação, a troco de uma indenização ridícula, o estádio teve suas dimensões reduzidas para 72 x 105 metros e a capacidade para 8.000 espectadores, não sendo mais utilizado hoje em dia para jogos oficiais.
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Durante toda a utilização do estádio, o Fluminense disputou 839 partidas, com um aproveitamento de 70%. Marcou 2206 gols e sofreu 1049.
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Em justa homenagem, em 2004, o estádio recebeu o nome de Manuel Schwartz, presidente vencedor dos idos de 1980, seguramente o mais lúcido das últimas décadas.
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O estádio era muito charmoso, as famílias se reuniam para assistir aos jogos, programa imperdível nas tardes dos domingos cariocas, que se transformavam em dias de festa e magia, como atestam as fotos a seguir, referentes a uma partida entre cariocas e paulistas, realizada em novembro de 1926.

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Apesar da tradição e do legado de vitórias e glórias mil, a realidade é que o estádio entrou em decadência depois da desapropriação, cujas cicatrizes ainda perduram. Hoje em dia é apenas um arremedo daquela bela praça de esportes e tem servido apenas para treinamento do elenco profissional.
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O gramado é mal cuidado e pode ser que seja o responsável pelos inúmeros casos de contusões de atletas durante os treinos.
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A perda de seu estádio culminou com a decadência técnica do clube tantas vezes campeão, a ponto de perder para o maior rival uma hegemonia histórica no futebol do Rio de Janeiro.
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A alternativa de utilização tão somente do Maracanã para todas as partidas colaborou para o endividamento gradual do clube, tendo em vista as taxas escorchantes cobradas pelas autoridades políticas que administram o estádio.
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Tentativas foram e continuam sendo feitas no sentido de ser construído um novo estádio, mas até agora muita falação e nada de concreto.
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A atual presidência sonha com a construção de um Centro de Treinamento em Xerém que, se concretizada, poderá provavelmente se transformar num belo tiro n’água, pois é difícil para o menos lúcido dos tricolores conceber a ideia dos atletas deixarem diariamente suas residências na Barra da Tijuca, Leblon, Ipanema e Laranjeiras para se deslocar por quase duas horas para o local de treinamento e depois gastar mais duas para voltar.
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Soluções melhores terão que ser tentadas porque se oficializar Xerém como Centro de Treinamento, nossa equipe principal poderá vir a ser formada apenas por jogadores jovens e sem experiência.
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Quanto ao estádio em si, o problema não é de fácil solução. A maioria megalômica deseja um campo com capacidade para quarenta ou cinquenta mil pessoas.
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Exagero, o que o Fluminense precisa é de um estádio moderno com capacidade em torno de 30.000 espectadores para os jogos de menor apelo. Os clássicos regionais e as partidas decisivas das diversas competições continuarão tendo o Maracanã como palco.
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Pelo que se ouve falar, parece que o local atual está completamente descartado. Pelo que dizem o maior entrave seria a falta de locais adequados para estacionamento. Outra falácia, o atual estádio fica a poucos metros da estação do metrô, além de inúmeras linhas de ônibus.
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O problema maior será vencer a resistência da minoria dos sócios que se beneficia das quadras de tênis, para que elas sejam deslocadas mais pra trás.
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Não se trata de apologia à reconstrução do estádio nas Laranjeiras, apenas uma sugestão para que o local também seja considerado em eventuais futuros estudos.
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De qualquer modo será necessário investimento pesado por parte da iniciativa privada e para que o clube tenha o cacife necessário para conquistá-lo torna-se imprescindível que volte a figurar como um dos grandes vencedores do futebol brasileiro.
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Ganhar um Campeonato Brasileiro, uma Copa Libertadores, um Campeonato Mundial de clubes certamente despertará a atenção dos investidores para a marca Fluminense, apesar dos pesares um nome ainda forte no cenário esportivo.
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Ano passado, o objetivo quase foi alcançado. Tínhamos o melhor zagueiro do Brasil, dois bons laterais, poderíamos ter o melhor meio campo do país (Arouca, Cícero, Conca e Thiago Neves) se escalado sem proteções descabidas e dois atacantes efetivos e em ótimas fases. Infelizmente os desmandos técnicos e administrativos roubaram do clube essa glória ainda inédita.
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Caros tricolores, o texto não deixa de ser um desabafo de um velho torcedor cansado de ver e ouvir tantas asneiras. Espero que sirva para reflexão daqueles que dirigem ou venham a dirigir o clube.
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E DÁ-LHE FLUZÃO!.

5 comentários:

gustavo disse...

mto lindo este estádio.
abs

Helio R.L. disse...

Muito lindo mesmo, caro Gustavo. Pena que foi detonado. Tivesse havido mais boa vontade e seriedade, o estádio ainda poderia ter o charme do passado. Infelizmente, hoje só restam lembranças.

Saudações Tricolores

Henrique de Andrade disse...

legal o post, mas vc faz uma relação direta da construção da linha lilás com a diminuição da capacidade para 8 mil e não utilização do estádio.

Essas coisas não aconteceram ao mesmo tempo. Tá certo que a diminuição influiu a longo prazo nisso, mas ela não foi decisiva para que o estádio não fosse mais utilizado. Tirando os clássicos, em qual jogo do estadual o Flu bota mais de 8 mil na arquibancada? Poderia muito bem receber Olaria, Madureira, etc..nas Laranjeiras!
E a diminuição para 8 mil tem ligação direta com as novas normas de segurança e conforto da FIFA e dos bombeiros. Mesmo com o Anel fechado, o estádio teria no máximo uns 12 mil lugares hoje.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Rodrigo disse...

Do que que esse babaca ( Anônimo ) está falando?
Vai ser deslocado assim na China.
Quando não tem coragem de assinar os comentários, pode ter certeza que vai escrever asneira.
Rodrigo