segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Fluminense 5 x 2 Corinthians. Chocolate de despedida!

Edson é um bom exemplo de não ser preciso contratações mirabolantes
 para se formar uma equipe vencedora (foto: Paulo Sergio / Lance!Press)

A boa vitória não foi suficiente para fazer esquecer a decepção pela eliminação da Libertadores.
Serviu apenas para expor arroubos de indignação contra as falhas administrativas que há décadas já fazem parte do cotidiano tricolor e que só não trouxeram consequências piores devido exclusivamente ao excelente patrocínio que o clube tem, apesar dos adeptos da Flapress tentarem denegri-lo, infelizmente apoiados por tricolores desinformados.
Nesse mister, Fred foi o mais eloquente. Apontou suas baterias contra tudo e contra todos numa tentativa clara de manter o status atual ao advogar a permanência no clube de atletas que nitidamente já tiveram seus ciclos encerrados desde o ano passado.
Defendeu-os com unhas e dentes esbravejando que todos eles já haviam sido campeões nacionais, mas omitiu que os mesmos também foram responsáveis pelo rebaixamento no ano passado, rebaixamento esse só não concretizado graças às falcatruas que envolveram os dirigentes da Portuguesa.
Chegou a falar que sete ou oito deverão deixar o clube e que até agora não se sabe o que acontecerá com a comissão técnica, o que tornará o Fluminense mais fraco no ano próximo.
Está correto no que tange à incompetência de nossos dirigentes para gerir o clube, em especial o departamento de futebol, razão maior da existência do próprio Fluminense, incompetência que provavelmente levará ao fim uma parceria que tinha tudo para dar certo.
Não tenho dúvidas em afirmar que se o Fluminense tivesse tido nesses quinze anos presidentes da estirpe de Manuel Schwartz teria conseguido muito mais sucesso do que os dois títulos nacionais.
E até Sobis, que até outro dia declarava amor ao Tricolor, repetiu a tônica da falta de estrutura, condição sobejamente conhecida por todos aqueles que respiram Fluminense.
Em suma, todo mundo tentando de algum modo colocar cortina de fumaça para encobrir os seguidos vexames do ano, provocados pela maioria dos que agora são defendidos como heróis.
E a pergunta que não quer calar é se o Fluminense é tão ruim, não tem estrutura, etc., por que então todos sem exceção fazem lobby para terem seus contratos renovados?
A resposta é simples e clara: por ser o Fluminense o único clube da face da Terra que paga salários babilônicos a muitos jogadores que não valem um terço do que ganham.
Contudo, será melhor deixar a tergiversação de lado porque esse assunto já foi tema de todos os espaços desportivos do país e passar a analisar o desempenho técnico do Fluminense ao longo do campeonato.
As tabelas a seguir mostram o rendimento tricolor em dois blocos: o primeiro alinha a classificação ao final das trinta e sete rodadas cumpridas considerando apenas os resultados dos dez primeiros classificados nos jogos realizados entre eles.
A segunda compara a pontuação tricolor tanto no bloco dos dez primeiros como também dos dez últimos.


           
A primeira constatação lógica é de que não só a vaga para a Libertadores, mas também a chance de disputar o título foram perdidos pelo péssimo desempenho frente os adversários mais fracos, o que não aconteceu com o Cruzeiro que alicerçou sua campanha justamente em cima deles.  

Ter mais derrotas e empates nos jogos com os últimos colocados como tônica da equipe demonstra claramente a falta de esquema tático para fazer frente a sistemas retrancados.

A repetição do erro sinaliza claramente para o despreparo da comissão técnica na condução dos treinamentos, visto que na grande maioria desses jogos o Fluminense limitou-se somente a alçar bolas na área.

Às vezes chegava a funcionar, como na vitória sobre o Botafogo, tantas tentativas que foram até que uma lograsse êxito culminando com o gol do Edson.

Aliás, um dos questionamentos mais corretos do capitão é a falta de um jogador de velocidade pedido por ele há dois anos, embora talvez tivesse sido mais produtivo defender com a mesma veemência a permanência do Wellington Nem, negociado contra a sua vontade, como ele próprio declarou inúmeras vezes.
Tal carência sempre foi notória e só não foi minorada por opção do Cristóvão, que preferiu manter o Sobis se arrastando em campo durante tanto tempo.
Diversas postagens nesse espaço cansaram de clamar pela escalação de alguém veloz, qualquer um servia e os exemplos vinham de nossos próprios adversários que nos venciam seguidamente com jogadas de contra ataques.
Teria bastado apenas um pouco de coragem ao nosso treinador para substituí-lo por um velocista. A atuação de Kenedy frente ao Corinthians mostrou que ele poderia ter sido esse jogador, se tivesse oportunidades reais e não apenas entrando alguns minutos em jogos com placares adversos.
Merece também uma análise a declaração de Cristóvão, que em prol do apoio a sua galera, declarou categoricamente que o Flu de 2015 não será mais forte que o time desse ano.
Partindo da suposição que a premissa seja verdadeira gostaria de abrir parênteses para analisar os prováveis dispensados.
Os primeiros da lista certamente serão os que estão com os vínculos por terminar: Cavalieri, Felipe Garcia, Fabrício, Gum, Diguinho, Valencia, Carlinhos e Chiquinho. Poderia acrescentar o Sobis, cujo contrato se encerra em meados do ano que vem.
À exceção de Cavalieri e Gum, será que algum torcedor com um mínimo de tutano poderá de sã consciência atestar que o time ficará mais fraco com a saída dos demais?
Diguinho e Valencia não deveriam ter tido seus últimos vínculos renovados, já que vivem às voltas com o departamento médico, além de existirem melhores opções no elenco: Jean, Cícero, Edson, Rafinha, se tiver chances, além de outros bons volantes emprestados que poderão ser avaliados pela comissão técnica, nova de preferência.
Carlinhos, ao ter sua pretensão salarial recusada, decidiu sair e até já se despediu do grupo. Felipe Garcia e Fabrício são reservas e Sobis, que só tem mais seis meses de contrato, demonstra não ter mais vontade pelo jeito como se arrasta em campo. Melhor que vá.
Chiquinho até que poderia ser aproveitado para compor elenco, mas para jogar em sua posição de origem, nunca como lateral.
Não consigo ver em que a saída desse pessoal possa enfraquecer o time. A base já está pronta: Cavalieri, Bruno, Igor Julião, Renato, Gum, Marlon, Mattis, Henrique, Elivelton, Fernando, Rafinha, Jean, Edson, Cícero, Wagner, Conca, Fred, Walter, Samuel, Michael, Kenedy, além dos garotos da base, alguns demonstrando talento acima da média.
Creio que conseguiremos um papel melhor com essa turma e mais uma ou duas contratações mesmo que modestas para a lateral esquerda e velocista para o ataque.
E, claro, com um técnico melhor preparado.
O ruim dessa história toda é que apesar de quase tudo estar errado faltou pouco muito pouco ao menos para a Libertadores.
Um pouquinho mais de vontade em alguns jogos teria sido o suficiente.

E DÁ-LHE FLUZÃO!  

DETALHES:

CAMPEONATO BRASILEIRO – 35ª RODADA

Fluminense 5 x 2 Corinthians

Local: Estádio Mario Filho, Rio de Janeiro, RJ; Data: 30/11/2014
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Auxiliares: Fabrício Vilarinho (GO) e Christian Sorence (GO)
Gols: Guerrero, aos 4' e Ralf (contra), aos 39' do primeiro tempo; Edson, aos 12', Fred, aos 19' e aos 25', Danilo, aos 38' e Conca, aos 46' do segundo.
Cartões amarelos: Marlon e Carlinhos
Cartão vermelho: Marlon

Fluminense: Cavalieri, Edson, Marlon, Guilherme Mattis e Carlinhos; Diguinho, Valencia, Wagner (Gustavo Scarpa, 41'/2ºT) e Conca; Rafael Sobis (Kenedy, intervalo) e Fred (Walter, 41'/2ºT). Técnico: Cristóvão Borges.

Corinthians: Cassio, Fagner, Felipe, Gil (Danilo, 35'/2ºT) e Fabio Santos; Ralf, Elias (Jadson, 26'/2ºT), Petros e Renato Augusto; Malcom (Luciano, 26'/2ºT) e Guerrero. Técnico: Mano Menezes.

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