Edson é um bom exemplo de não ser preciso contratações mirabolantes para se formar uma equipe vencedora (foto: Paulo Sergio / Lance!Press) |
A boa vitória não foi suficiente para fazer
esquecer a decepção pela eliminação da Libertadores.
Serviu apenas para expor arroubos de
indignação contra as falhas administrativas que há décadas já fazem parte do
cotidiano tricolor e que só não trouxeram consequências piores devido exclusivamente
ao excelente patrocínio que o clube tem, apesar dos adeptos da Flapress tentarem
denegri-lo, infelizmente apoiados por tricolores desinformados.
Nesse mister, Fred foi o mais eloquente. Apontou
suas baterias contra tudo e contra todos numa tentativa clara de manter o
status atual ao advogar a permanência no clube de atletas que nitidamente já
tiveram seus ciclos encerrados desde o ano passado.
Defendeu-os com unhas e dentes esbravejando
que todos eles já haviam sido campeões nacionais, mas omitiu que os mesmos
também foram responsáveis pelo rebaixamento no ano passado, rebaixamento esse
só não concretizado graças às falcatruas que envolveram os dirigentes da
Portuguesa.
Chegou a falar que sete ou oito deverão
deixar o clube e que até agora não se sabe o que acontecerá com a comissão
técnica, o que tornará o Fluminense mais fraco no ano próximo.
Está correto no que tange à incompetência de
nossos dirigentes para gerir o clube, em especial o departamento de futebol,
razão maior da existência do próprio Fluminense, incompetência que provavelmente
levará ao fim uma parceria que tinha tudo para dar certo.
Não tenho dúvidas em afirmar que se o
Fluminense tivesse tido nesses quinze anos presidentes da estirpe de Manuel
Schwartz teria conseguido muito mais sucesso do que os dois títulos nacionais.
E até Sobis, que até outro dia declarava amor
ao Tricolor, repetiu a tônica da falta de estrutura, condição sobejamente
conhecida por todos aqueles que respiram Fluminense.
Em suma, todo mundo tentando de algum modo
colocar cortina de fumaça para encobrir os seguidos vexames do ano, provocados
pela maioria dos que agora são defendidos como heróis.
E a pergunta que não quer calar é se o Fluminense
é tão ruim, não tem estrutura, etc., por que então todos sem exceção fazem
lobby para terem seus contratos renovados?
A resposta é simples e clara: por ser o
Fluminense o único clube da face da Terra que paga salários babilônicos a muitos
jogadores que não valem um terço do que ganham.
Contudo, será melhor deixar
a tergiversação de lado porque esse assunto já foi tema de todos os espaços
desportivos do país e passar a analisar o desempenho técnico do Fluminense ao
longo do campeonato.
As tabelas a seguir mostram
o rendimento tricolor em dois blocos: o primeiro alinha a classificação ao
final das trinta e sete rodadas cumpridas considerando apenas os resultados dos
dez primeiros classificados nos jogos realizados entre eles.
A segunda compara a
pontuação tricolor tanto no bloco dos dez primeiros como também dos dez últimos.
A primeira constatação lógica
é de que não só a vaga para a Libertadores, mas também a chance de disputar o
título foram perdidos pelo péssimo desempenho frente os adversários mais fracos,
o que não aconteceu com o Cruzeiro que alicerçou sua campanha justamente em
cima deles.
Ter mais derrotas e empates nos
jogos com os últimos colocados como tônica da equipe demonstra claramente a
falta de esquema tático para fazer frente a sistemas retrancados.
A repetição do erro sinaliza
claramente para o despreparo da comissão técnica na condução dos treinamentos,
visto que na grande maioria desses jogos o Fluminense limitou-se somente a
alçar bolas na área.
Às vezes chegava a
funcionar, como na vitória sobre o Botafogo, tantas tentativas que foram até
que uma lograsse êxito culminando com o gol do Edson.
Aliás, um dos questionamentos mais corretos
do capitão é a falta de um jogador de velocidade pedido por ele há dois anos,
embora talvez tivesse sido mais produtivo defender com a mesma veemência a permanência
do Wellington Nem, negociado contra a sua vontade, como ele próprio declarou
inúmeras vezes.
Tal carência sempre foi notória e só não foi
minorada por opção do Cristóvão, que preferiu manter o Sobis se arrastando em
campo durante tanto tempo.
Diversas postagens nesse espaço cansaram de
clamar pela escalação de alguém veloz, qualquer um servia e os exemplos vinham
de nossos próprios adversários que nos venciam seguidamente com jogadas de
contra ataques.
Teria bastado apenas um pouco de coragem ao
nosso treinador para substituí-lo por um velocista. A atuação de Kenedy frente
ao Corinthians mostrou que ele poderia ter sido esse jogador, se tivesse
oportunidades reais e não apenas entrando alguns minutos em jogos com placares
adversos.
Merece também uma análise a declaração de
Cristóvão, que em prol do apoio a sua galera, declarou categoricamente que o
Flu de 2015 não será mais forte que o time desse ano.
Partindo da suposição que a premissa seja
verdadeira gostaria de abrir parênteses para analisar os prováveis dispensados.
Os primeiros da lista certamente serão os que
estão com os vínculos por terminar: Cavalieri, Felipe Garcia, Fabrício, Gum,
Diguinho, Valencia, Carlinhos e Chiquinho. Poderia acrescentar o Sobis, cujo
contrato se encerra em meados do ano que vem.
À exceção de Cavalieri e Gum, será que algum torcedor
com um mínimo de tutano poderá de sã consciência atestar que o time ficará mais
fraco com a saída dos demais?
Diguinho e Valencia não deveriam ter tido
seus últimos vínculos renovados, já que vivem às voltas com o departamento
médico, além de existirem melhores opções no elenco: Jean, Cícero, Edson,
Rafinha, se tiver chances, além de outros bons volantes emprestados que poderão
ser avaliados pela comissão técnica, nova de preferência.
Carlinhos, ao ter sua pretensão salarial
recusada, decidiu sair e até já se despediu do grupo. Felipe Garcia e Fabrício são
reservas e Sobis, que só tem mais seis meses de contrato, demonstra não ter
mais vontade pelo jeito como se arrasta em campo. Melhor que vá.
Chiquinho até que poderia ser aproveitado
para compor elenco, mas para jogar em sua posição de origem, nunca como lateral.
Não consigo ver em que a saída desse pessoal
possa enfraquecer o time. A base já está pronta: Cavalieri, Bruno, Igor Julião,
Renato, Gum, Marlon, Mattis, Henrique, Elivelton, Fernando, Rafinha, Jean, Edson,
Cícero, Wagner, Conca, Fred, Walter, Samuel, Michael, Kenedy, além dos garotos da
base, alguns demonstrando talento acima da média.
Creio que conseguiremos um papel melhor com
essa turma e mais uma ou duas contratações mesmo que modestas para a lateral
esquerda e velocista para o ataque.
E, claro, com um técnico melhor preparado.
O ruim dessa história toda é que apesar de
quase tudo estar errado faltou pouco muito pouco ao menos para a Libertadores.
Um pouquinho mais de vontade em alguns jogos
teria sido o suficiente.
E DÁ-LHE
FLUZÃO!
DETALHES:
CAMPEONATO
BRASILEIRO – 35ª RODADA
Fluminense 5
x 2 Corinthians
Local: Estádio Mario Filho, Rio de
Janeiro, RJ; Data: 30/11/2014
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Auxiliares: Fabrício Vilarinho (GO) e Christian Sorence (GO)
Gols: Guerrero, aos 4' e Ralf (contra), aos 39' do primeiro tempo; Edson, aos 12', Fred, aos 19' e aos 25', Danilo, aos 38' e Conca, aos 46' do segundo.
Cartões amarelos: Marlon e Carlinhos
Cartão vermelho: Marlon
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Auxiliares: Fabrício Vilarinho (GO) e Christian Sorence (GO)
Gols: Guerrero, aos 4' e Ralf (contra), aos 39' do primeiro tempo; Edson, aos 12', Fred, aos 19' e aos 25', Danilo, aos 38' e Conca, aos 46' do segundo.
Cartões amarelos: Marlon e Carlinhos
Cartão vermelho: Marlon
Fluminense: Cavalieri, Edson, Marlon, Guilherme
Mattis e Carlinhos; Diguinho, Valencia, Wagner (Gustavo Scarpa, 41'/2ºT) e
Conca; Rafael Sobis (Kenedy, intervalo) e Fred (Walter, 41'/2ºT). Técnico: Cristóvão Borges.
Corinthians: Cassio, Fagner, Felipe, Gil
(Danilo, 35'/2ºT) e Fabio Santos; Ralf, Elias (Jadson, 26'/2ºT), Petros e
Renato Augusto; Malcom (Luciano, 26'/2ºT) e Guerrero. Técnico: Mano Menezes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário