quarta-feira, 13 de junho de 2012

Por que os jogadores tricolores se contundem tanto?



Recentemente Abel Braga atribuiu como causa o excesso de jogos, principalmente em virtude do inchaço do campeonato estadual.

Não me parece que seja esse o principal fato gerador, porque se fosse  o mesmo deveria acontecer com Flamengo, Vasco e Botafogo.

No caso específico do campeonato estadual, parece-me que o problema poderia ter sido minimizado com melhor definição das equipes em função dos adversários.

Isto porque a grande maioria dos participantes do campeonato era formada por clubes de menores investimentos e que por isso mesmo dispunham de equipes medianas, para não dizer fracas e plantéis reduzidos.

A racionalização nas escalações, de modo a não expor os jogadores mais veteranos e os mais suscetíveis a distensões, evitaria  desgastes desnecessários e consequentemente menores riscos de contusões.

Abel até que andou ensaiando algo do gênero, mas inadvertidamente pecou pelo excesso ao colocar em campo equipes totalmente formadas por reservas que jamais tinham jogado juntos.

Consequência da estratégia equivocada foram as derrotas inesperadas para equipes inexpressivas, o que obrigou os titulares a um esforço hercúleo nos jogos seguintes para chegar as finais.

O rodízio entre Deco, Thiago Neves e Wagner e também Fred e Rafael Moura, ou ainda envolvendo Wellington Nem e Rafael Sobis teria sido suficiente para vencer os jogos contra “os pequenos”, provavelmente sem nenhum dano ao elenco. Isso sem levar em consideração outras peças que poderiam ser igualmente utilizadas, como Lanzini, Lucas Patinho, Araújo e Souza, dentre outros.

Alguns críticos ferozes do modelo de contratações aliam as contusões a negociações equivocadas, baseando seus argumentos nas constantes idas ao departamento médico de Deco e Fred, por exemplo.

Não deixam lá de ter a sua razão quanto ao mau planejamento das contratações, porque muitas delas estavam fadadas ao fracasso por se tratarem de profissionais com contusões crônicas e já em final de carreira, ou ainda por não possuir a qualidade apregoada pela mídia. 

Casos mais específicos o de Gustavo Nery e Belletti num passado recente e Araújo, Souza e Martinuccio na administração atual.

A tese, porém, carece de fundamento quando se observa que jogadores mais jovens também vivem constantemente lesionados, casos de Gum, Diguinho, Valência, Leandro Euzébio, Carlinhos e por aí vai.

Outro fato que reforça a tese de que o problema não é só de  idade é a ocorrência do mesmo fenômeno com os jovens recém promovidos ao plantel principal. Digão, Matheus Carvalho, Elivelton, Marcos Júnior, Wellington Nem  são novos demais para já estarem às voltas com contusões sistemáticas.

É o campo das Laranjeiras, profetizam outros.

O campo castigado pode ter parcela de culpa, mas não é o único responsável, como provam as recentes contusões de Deco, Fred, Valência, Diguinho, Wellington Nem e Marcos Junior e Thiago Neves, todas ocorridas durante a disputa de jogos oficiais.

O que seria, então, que provoca tantas baixas?

Excesso de trabalhos físicos, treinamentos em demasia, aparelhos médicos obsoletos?

Difícil precisar. O fato é que dentre todos os clubes que disputam o Brasileirão, o Fluminense já há algum tempo vem sendo o campeão dos desfalques. Ainda no campeonato  de 2010, as participações de Marquinho, Rodriguinho e Washington praticamente se igualaram em número as dos titulares Deco, Emerson e Fred.

E outro fato preocupante que também tem que ser levado em consideração é o maior tempo de recuperação em relação aos demais. Por exemplo, a previsão de retorno de Thiago Neves, que sofreu uma artroscopia no joelho é quase o dobro do período estabelecido para Paulo Henrique Ganso, que passou por operação semelhante.

E as contusões no Fluminense estão se tornando casos tão “sui generis”, que até jogador suspenso aparece contundido.

Em minha opinião e de muitos tricolores amigos, o presidente Peter Siemsen deveria olhar com mais cuidado para a situação e reunir-se com os responsáveis por todas as áreas para um debate profundo com vistas a solucionar ou pelo menos minimizar o problema.

Porque, afinal de contas, é inadmissível que o Fluminense tenha sido eliminado da Copa Libertadores  ainda no início da temporada por não poder contar com seus três principais atletas nos dois jogos das quartas de finais.

Sorte do Boca Juniors.

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