Mais de oitenta mil almas. Tricolores de todas as gerações se uniram mais uma vez em torno da mítica pó de arroz.
Horas antes do início da grande batalha, a emoção já tomava conta de todos os corações. O nervosismo era flagrante na grande maioria dos torcedores. Respeito a um adversário ferrenho, repleto de títulos internacionais, dono de um time de alto gabarito e de uma torcida respeitável e raçuda, que mesmo desfalcada, mostrou todo o seu poderio em pleno Maracanã. Quem assistiu ao jogo em suas proximidades, pode avaliar o que deve ser jogar na Bombonera com o estádio lotado.
Também a apreensão causada pela propaganda subliminar apregoada pelos mais notáveis órgãos da imprensa tanto brasileira como argentina, tentando aniquilar de todos os modos qualquer esperança de vitória. “O Boca tem a experiência que o Fluminense não possui”. “É o algoz de times brasileiros, não perde desde 1963, quando foi eliminado por aquele fantástico Santos de Pelé”. “Os jogadores do Fluminense sucumbirão à classe e a catimba dos portenhos, o time já foi longe demais”. Frases que a todos atormentavam tão logo o juiz encerrou a memorável partida contra o São Paulo.
Os idosos, acostumados a conquistas memoráveis, eram os mais afetados pela síndrome. Sentavam, levantavam, andavam de um lugar para outro. Tornavam a sentar e olhavam com certo receio para a torcida adversária, dona de si, completamente autoconfiante, que não parava de cantar e rufar seus bumbos e tambores num barulho ensurdecedor.
O estádio foi enchendo. Um grande número de crianças, senhoras e jovens que acompanhavam seus pares vinham se unir aos angustiados que lá já estavam. Traziam estampados nas faces o orgulho de pertencer a uma torcida especial, de um clube tão nobre, respeitador de seus adversários.
A partida começou e as previsões sombrias pareciam acontecer.
O Boca entrou mais organizado. Preencheu melhor o meio campo, adiantou a marcação e praticamente não deu chances a nossa equipe durante todo o primeiro tempo.
Os jogadores argentinos mostraram seu poderio e a pressão sobre a área tricolor foi uma constante. Mas se o Boca tinha Riquelme e uma dupla de ataque letal e entrosada, como todo o resto da equipe, o Fluminense tinha Thiago Silva, o melhor zagueiro brasileiro e um goleiro, que ressurgindo das cinzas, tal qual fênix, se mostra cada vez mais decisivo. Fernando Henrique vem ganhando corpo e fez defesas milagrosas em momentos cruciais. Se sobrava experiência e tranqüilidade ao Boca, não faltava coragem e firmeza à defesa tricolor. Os erros de alguns quase sempre foram aniquilados pela eficiência de outros.
Veio o segundo tempo e o mesmo panorama se repetia. A torcida tentava de todos os meios empurrar o time para frente, mas o Boca pressionava como antes. E de tanto pressionar, conseguiu o seu gol. O gol que lhe dava a classificação e que aumentava a angústia de todos.
E nesse momento começou o novo milagre tricolor. Se o Boca tem jogadores mais experientes, que sabem conduzir um jogo no ritmo que lhe convém, esse time do Fluminense é abençoado e sabe fazer os gols nos momentos decisivos, naquele instante em que é preciso transformar a depressão pelo fracasso no momento sublime do triunfo.
A entrada do Dodô, o golaço de Washington, numa cobrança genial "a lá Riquelme", contagiou a torcida e despertou o time para uma virada memorável.
E quando a integração mágica da torcida com o time acontece, o Fluminense torna-se imbatível. Nesse momento, a inspiração voltou e foi então a nossa vez de partir em contra-ataques mortais. O Boca balançou, não chegou a tremer, mas se encurvou e acabou, por erro de passe, dando a chance que tanto Dodô esperava. E o golpe foi mortal. O gigante, invicto há quase meio século, foi trucidado perante o testemunho de mais de oitenta e quatro mil pessoas. E o Boca voltou a se render diante de um clube brasileiro. Não um clube qualquer, mas o querido Fluminense, o verdadeiro tricolor.
Era o começo da festa, momento em que se via uma torcida iluminada se abraçando, muitos desconhecidos até então, irmanados na magia tricolor. Uma jornada indescritível.
O Fluminense mostrou que sabe jogar. Que joga mais e fala menos. Que experiência se adquire no decorrer das competições e não com títulos obtidos em tempos idos. O Fluminense e sua torcida iluminada deram mais um show no Maracanã, tornando felizes aqueles milhares de crianças que começam a sentir a glória do que é ser tricolor.
Calou-se a boca dos falastrões da soberba e também daqueles secadores deprimentes, que não entendem como é bom saber ganhar e também saber perder.
Y el Boca se fue! Chora Palacio! Chora Palermo! Ano que vem tem mais.
4 comentários:
eu, eu, eu e o boca se fud$&*#@$!!!
E a Fla-Boca?!
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Quem é melhor: RIQUELME ou FABINHO??
VOTE!...
Alo Helio,
estou escrevendo com atraso mas a vitoria do Flu foi realmente historica... quase com certeza o triunfo tricolor mais importante q eu jah vi. Assisti pelo canal ESPN espanhol e os narradores mexicanos ficaram surpresos com a forca da torcida no Maraca. Eles tambem apontavam o Boca Juniors como favorito mas na altura do segundo gol tricolor jah reconheciam o Flu e apontavam como "uma nova forca continental". Esperamos q estejam certos!
O Flu mostrou sorte e categoria de campeao com os belos gols em momentos decisivos... eh assim q times alcancam grandes conquistas. Agora, por favor, tem q levar muito a serio este jogo de ida lah na altitude. Se o Flu jogar com o espirito de luta e seriedade q mostrou com o Boca, eh 90% de chance de despachar o LDU. O desafio continua: conseguira o Renato segurar o oba-oba? Eu preferia q as finais fossem direto na semana seguinte ao triunfo. Eh claro q acho q vai dar tudo certo, mas as sandalias da humildade sempre caem bem.
Abc,
Marcio
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