quinta-feira, 1 de abril de 2010

A cara do Fluminense.


João Marcelo Garcez, em matéria publicada no Blog do Torcedor Tricolor, tergiversou sobre qual seria a verdadeira cara do Flu.

Com a perspicácia de sempre, destacou com clareza vários pontos, em especial a confiança da torcida abalada pela derrota para um Vasco fragilizado, agravado pelo fato de ter sido dirigido por um técnico interino.

A interrogação sobre qual Fluminense será visto nas finais, se aquele exuberante da vitória contra o Botafogo ou o indolente e sonolento dos segundos tempos dos jogos contra o Flamengo e Vasco foi a principal questão deixada no ar pelo eminente tricolor.

Os comentários de vários torcedores foram solidários com Garcez. Muita coisa foi dita sob o impacto das decepções constantes, sejam pela falta de títulos ou pelo mau desempenho de suas diretorias desde os idos de 80.

Só para exemplificar, destaco as palavras da Luciane, que afirma que "depois do que viu no domingo passou a achar que vai ser mais um ano sem título algum e de luta contra rebaixamento" e do Oberdan, que simplesmente diz categoricamente que "o Fluminense não tem cara, é um time sem personalidade que tem uma dificuldade incrível quando enfrenta adversários tradicionais". Vários comentários seguem na mesma linha com a maioria questionando onde estaria aquele time de guerreiros.

Caros tricolores, exageros à parte, se deixarmos a paixão de lado e pensarmos somente com a razão, veremos claramente que o Fluminense de hoje, pelo menos o dos jogos contra Flamengo e Vasco, nada tem a ver com aquele time de guerreiros.

A cara do Fluminense de hoje é a cara de um Fluminense mutilado, dizimado pela incompetência de uns, subserviência de outros e ganância de terceiros, se é que me entendem.

Tentarei explicar. Creio que ninguém duvida de que o verdadeiro Fluzão da arrancada sensacional, o que deu a partida ao rolo compressor que atropelou todos os adversários na fase final do Brasileirão do ano passado foi aquele do segundo tempo do jogo contra o Cruzeiro, no Mineirão.

Depois de um primeiro tempo ridículo, Cuca perdeu a paciência com alguns e finalmente achou a escalação ideal. Pois bem, se comparamos aquela equipe com a que foi derrotada pelo Vasco, iremos notar nada menos do que seis mudanças. Seis mudanças, 60% dos jogadores de linha, Digão, Dalton, Dieguinho, Tartá, Maicon e Fred.

Alguns lesionados e outros afastados para dar lugar a novos contratados, que chegaram com status de titulares absolutos e até agora não acrescentaram nada demais, à exceção dos jogos contra os times pequenos de qualidade duvidosa.

Aliada a esses fatos, houve a perda do Maicon, negociado por incompetência de nossa desastrada diretoria e interesses de terceiros com flagrante prejuízo para o clube.

A ausência de Maicon aniquilou a jogada mortal pela direita. Depois de sua saída, Mariano ficou órfão do companheiro que fazia as tabelas pela ponta. Aqueles que observaram os últimos jogos com atenção puderam constatar a aflição do Conca tendo que prender a bola em demasia porque ao olhar para a ponta direita não vê ninguém para lançar.

Dalton, o melhor dos zagueiros do time, foi barrado. O porquê até agora Cuca não conseguiu explicar. Pode ser que tenha sido pressionado para justificar a contratação do Leandro Euzébio, mas o que me deixa com a pulga atrás da orelha é o fato da barração do Dalton ter acontecido logo depois dele ter declarado que, ao contrário de Maicon e Wellington, tencionava permanecer no Fluminense por mais tempo.

Posso estar delirando, mas o acontecido com o Tartá contribui para que eu tenha uma ponta de desconfiança nesse sentido.

Digão também foi barrado, embora suas fracas atuações após a volta da contusão tenham contribuído para isso. Mas se não voltar a campo, jamais recuperará sua antiga forma.

Júlio César ainda não esquentou. Nem sei se chegará a esquentar algum dia, mas pelo que me lembro, no Goiás suas melhores jogadas aconteciam quando era lançado em velocidade pela ponta esquerda. No Flu, sempre afunila e nas poucas vezes que vai à linha de fundo não acerta os passes. Mais treinamentos táticos e uma passagem pelo banco de reservas devem resolver ou pelo menos minorar essa deficiência.

Júlio César tem sido substituído em todos os jogos, mas em nenhum deles Dieguinho teve uma oportunidade sequer. Não seria o caso de tentar pelo menos uma vez? Não é que Dieguinho seja um craque da bola, mas as várias tentativas com Marquinho e Thiaguinho não surtiram efeito algum.

A titularidade absoluta de Diguinho é outra coisa irritante. Tem raça, corre, briga, mas daí a querer que ele arme jogadas de ataque vai uma distância muito grande. No máximo, considerando ser peixe do técnico, poderia ser escalado como primeiro volante, mesmo sabendo-se que essa providência irá aumentar em muito as faltas na entrada da área. A presença de Diguinho na equipe titular só não é mais lamentada porque os tricolores estão conscientes de que antes a posição era ocupada por Fabinho e Ygor.

Os demais questionamentos técnicos do João, de um modo ou outro também já haviam sido abordados por aqui, como a escassez de oportunidades dadas ao Equi Gonzáles.
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Há também as idiossincrasias do Cuca, que volta e meia de baixo astral acaba por influenciar negativamente os atletas, além dos inúmeros casos de desentendimentos e rancor, como ocorreu com Dodô, Ruy, Adriano, Leo Moura, Pet, Paulo Cesar. Falta-lhe a vibração de um Abel Braga, por exemplo.
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Nunca fui partidário da troca constante de técnicos, mas no caso do Fluminense se dependesse de mim, o título do estadual seria o balizamento para a sua permanência, sob pena do clube vir a perder também a Copa do Brasil.

Garcez encerra o seu artigo com a certeza de que o Fluminense terá tempo suficiente para voltar a mostrar a aguerrida e desejada face do Time de Guerreiros de outrora no jogo com a Portuguesa pela Copa do Brasil e finais da Taça Rio, porque bola a molecada tem.

Espero que o caro amigo esteja certo, mas será imperioso que o Cuca realmente escale a molecada, repense a formação da zaga e a inocuidade da dupla Diguinho-Everton, dando talvez uma oportunidade ao Equi de mostrar o seu futebol ao lado do Conca.

E é lógico, que o Fred volte bem, única possibilidade de sucesso.

E DÁ-LHE FLUZÃO!

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