quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

PARABÉNS, CRAQUES GUERREIROS! PARABÉNS, TORCIDA ENCANTADA!

O esforço quase sobre-humano despendido pelos atletas tricolores e a dedicação impar de uma torcida apaixonada sensibilizaram os deuses do futebol que, em sua infinita sabedoria, resolveram recompensar o Fluminense, o melhor, mais charmoso e mais simpático clube do Brasil.



Foram vinte e sete rodadas na zona de rebaixamento. Ao final da 23ª rodada, ocupando o último lugar na classificação e com míseras três vitorias até então, a torcida tricolor era motivo de chacota nos bares, escritórios, esquinas e até na Internet.

Matemáticos cravavam em 98% as chances de queda. Jornalistas e comentaristas esportivos, principalmente os da mídia mulamba, deliciavam-se com o drama tricolor e do alto de sua empáfia vaticinavam "que o Fluminense já estava virtualmente rebaixado".

Técnicos de grife também davam seus pitacos, todos unânimes com relação ao destino do Fluminense. Os aproveitadores e aliciadores de plantão já faziam planos para contar com o Conca nos elencos de seus clubes porque, segundo suas mentalidades tacanhas, um craque dessa categoria não iria se sujeitar a jogar na segunda divisão.



A situação era realmente desesperadora. A torcida cansada de ver um time abatido, sem demonstrar nenhuma força para reagir, começou a reclamar. Vaias, faixas e protestos mostravam o caminho. Era preciso renovar a equipe, coisa que nenhum treinador tinha tido a coragem de fazer, até que a mente do Cuca foi iluminada e ele achou a equipe ideal no decorrer do jogo com o Goiás.

Mas aí só faltavam sete jogos. Quem de sã consciência acreditaria que uma equipe que só tinha quatro vitórias em trinta e uma rodadas, iria conseguir a façanha de ganhar dezenove pontos em apenas sete jogos?

Pois bem, a fantástica torcida tricolor acreditou. Acreditou porque viu que seus desejos finalmente estavam sendo atendidos. A volta do Fred e a entrada da "molecada" trouxeram de volta o bom futebol e a torcida para junto do time. E quando acontece essa interação mágica, a união é perfeita e ninguém mais segura o Fluzão. Foram quase dois meses de estádios lotados, não só nos jogos do Brasileirão, como também nos da Sul-Americana, perdida mais por estafa do que por superioridade do adversário.

Os oponentes foram caindo um a um. O primeiro foi o Atlético Mineiro, depois a virada sensacional sobre o Cruzeiro em pleno Mineirão, a seguir o então líder Palmeiras, que se tornou presa fácil ante um futebol vistoso e envolvente.

Atlético Paranaense, Sport e Vitória foram os demais coadjuvantes da campanha irrepreensível, que finalmente livrou o Fluminense da zona de perigo.

Foram jornadas quase que perfeitas, shows de bola, verdadeiros passeios, adversários acuados e preocupados, temerosos de sofreram goleadas acachapantes. Em suma: exibições de gala do time, com a torcida dando o seu toque de classe. A cada gol, uma vibração incontida.



Mas ainda faltava um jogo e contra um adversário direto na briga pela vaga. Ainda assim, muitos dos componentes da mídia mulamba achavam que o Fluminense iria cair. Um simples empate bastava, mas lá estavam eles, os idiotas da objetividade, vaticinando mais uma vez que o Coritiba seria o vencedor. Quebraram a cara de novo.

É inegável que os atletas jogaram com uma raça inigualável. No entanto, aqueles que aliam o sucesso tricolor apenas à raça se enganam. O time mudou e muito. A equipe que iniciou o campeonato sofreu nada menos do que sete alterações.

Teve o quarto melhor desempenho do segundo turno, 31 pontos, 54%, aproveitamento suficiente para garantir a classificação na Libertadores.

Se for considerado apenas o período a partir do jogo com Goiás, foram 20 pontos em 24 possíveis, aproveitamento de 83%, superior a de todos os campeões da era dos pontos corridos.



Sem comparação foi a participação da Torcida Tricolor nessa arrancada recorde. Mesmo quando o objetivo era quase impossível de ser alcançado, ela estava lá, junto ao time, apoiando, transmitindo a sua energia positiva. Quando foi preciso descrer dos prognósticos, da imprensa, da mídia mulamba, ela estava lá, acreditando em seus craques e cantando para João de Deus.

E plagiando Nelson Rodrigues: "A grande torcida é a do Fluminense. Nada se compara à sua flama e à sua fidelidade. Outras podem ser mais numerosas. Uma torcida, porém, não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão".

E a benção veio. A torcida maravilhosa foi abençoada e o Fluminense também.

Um comentário:

Marcio Cardoso disse...

Grande Hélio,
Excelente relato da odisséia tricolor neste Brasileirão. Esta reação tem que entrar como um capítulo especial na história do Flu.