sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Existem "jabás" nas saídas dos craques de Xerém?

Uma vez mais os dirigentes do Fluminense aventam a possibilidade de se desfazer de um de seus craques por míseros tostões.

Como já aconteceu com Carlos Alberto, Antônio Carlos, Rodolfo, Diego Souza, Toró, Marcelo, Fernado, Lenny e tantos outros, as mãos avarentas da diretoria tricolor começam a esfregar os dedos.

A bola da vez é o Arouca. Bastou apresentar algumas atuações de destaque para os usurários tricolores __tricolores verdadeiros ou rubro-negros infiltrados?__ começarem a propalar sua negociação.

Em reportagem de hoje no Portal Terra, Marcelo Penha, assessor da Presidência do Fluminense, nega que os direitos federativos do volante já tenham sido adquiridos por um grupo de empresários, como foi especulado nesta manhã.

O preocupante, porém, é que o próprio Penha não descarta a possibilidade do Fluminense envolver o jogador em uma futura transação, dizendo categoricamente: "O jogador está na vitrine e nada é impossível".

Quanto à frustrada permuta com Diego Cavalieri, o site do Globo afirma que o Renato não concordou com a saída do Arouca e o próprio atleta estranhou que a negociação estivesse próxima de ser fechada sem ele saber. "_ Não é possível que alguém tenha fechado alguma coisa sem o meu consentimento", declarou.

Posteriormente, o Portal Terra publicou que o diretor de futebol do Palmeiras, Savério Orlandi, logo após a apresentação do atacante Kléber, informou que o clube havia desistido de Arouca.

"_ O Arouca é um assunto que não teve andamento e, nesse momento, o Palmeiras está considerando o assunto encerrado. Nossa parceira chegou a iniciar a negociação, mas ela não evoluiu, pois o treinador do Fluminense (Renato Gaúcho) não quis dispor do jogador agora".

"_ O negócio surgiu e era interessante para todos, jogadores e clubes, pois o Fluminense está disputando uma Libertadores e, querendo ou não, o Diego ficaria mais próximo da Seleção", argumentou.

"_ Além disso, o Arouca viria em definitivo e o Diego ficaria fora por seis meses. Era um risco calculado, até porque olhamos aqui para dentro e vimos que o Bruno (terceiro goleiro) está pronto e há outros goleiros chegando", completou.

Esse último parágrafo da declaração do dirigente palmeirense mostra claramente a falta de preocupação da diretoria tricolor para com o patrimônio do clube.

Sabe-se perfeitamente que, muitas vêzes, a necessidade de reforçar o caixa impele os clubes a negociarem suas revelações. Mas a pergunta que fica no ar é por que, no caso do Fluminense, essas negociações são realizadas de modo não muito claro e em condições financeiras nada favoráveis à instituição? Como é que se pode pensar em ceder em definitivo um craque da categoria do Arouca em troca de um goleiro, por melhor que seja, por apenas seis meses? Teria que haver uma polpuda compensação financeira, que não parece ser o caso.

A negociação do Marcelo é outro exemplo recente, onde a diretoria só faltou colocar literalmente a faca em seu pescoço para negociá-lo para a Rússia. O bom senso do atleta falou mais alto e ele se negou veementemente a aceitar uma transação que considerou desvantajosa. Um pouco mais tarde, como se sabe, surgiu a negociação com o Real Madrid em bases muito melhores para todos.

Esse conflito de opiniões e ações sinaliza que a coisa não é tão simples como, a princípio, possa parecer. É claro, sempre existe a desculpa da "Lei Pelé". Todos sabem, pelo menos os de boa índole, que essa lei, embora criada com o objetivo altruísta de melhorar as condições de trabalho dos atletas, na realidade transformou-se num câncer para o futebol brasileiro, servindo de base para negociações escusas, verdadeiras mamatas, na maioria das quais os clubes e os próprios jogadores são os que menos ganham.

Merece destaque a declaração, praticamente um desabafo, do Sérgio Guedes, técnico da Ponte Preta, na Sportv, após o jogo contra o Guaratinguetá, sobre as pressões de empresários inescrupulosos sobre seus comandados. Infelizmente, não declinou nomes, provavelmente com receio de retaliações por conta da máfia que atualmente se apossou do futebol brasileiro. Deixou no ar a idéia de que futuramente dará "nomes aos bois".

Não creio ser esse o caso do Fluminense, mas nunca consegui entender as transações com os craques revelados em Xerém. De um modo geral, têm sido boas para muita gente, menos para o clube. O tempo passa e os resultados das transferências não apresentam nenhuma evolução. Poder-se-ia atribuir à falta de experiência ou mesmo à inabilidade para negociar, mas a repetição dos mesmos erros, ano após ano, praticamente elimina essa hipótese.

Esse estado de coisas leva a torcida a imaginar que, eventualmente, alguém possa estar se beneficiando nessas ocasiões. Não é possível que só o Fluminense não consiga somas vultosas pelas suas revelações. Volto a citar a "venda" do Breno por 33 milhões. Será que dirigentes competentes só existem no Genérico Paulista?

E o Fluminense? Bem, caros tricolores, o Fluminense que se dane! Há anos sem títulos de expressão e prestes a perder a hegemonia no âmbito estadual.

Ainda bem que, desta vez, o técnico conseguiu melar o negócio. Bola dentro, Renato. A torcida tricolor agradece.

Abra os olhos, Horcades!

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