terça-feira, 19 de agosto de 2014

Botafogo 2 x 0 Fluminense. O que fez o Fluminense desafinar?

Já passou da hora de dinamizar a defesa tricolor.

Durou pouco o nirvana tricolor.

A transformação que maravilhou a todos, inclusive os conhecidos cronistas antiéticos e detratores contumazes do Tricolor esvaiu-se.

E o Fluminense, de uma hora para outra deixou de ser considerado o melhor time do campeonato e candidato real ao título para ter questionada até a condição de postulante à vaga na Libertadores.

Alguns mais afoitos já chegaram a alertar sobre o perigo de novo rebaixamento.

Exageros à parte, o fato é que o estilo de jogo vistoso e livre dos marcadores brucutus, que há tanto assolam o futebol brasileiro, desapareceu.

O time desandou e desandou da pior maneira possível: empate com o Coritiba e derrotas para América-RN e Botafogo.

Sem nenhum demérito para a grandeza desses clubes, qualquer avaliação prévia desses jogos sinalizaria para três tranquilas vitórias tricolores, face às diferenças entre os atuais elencos envolvidos.

E quais seriam as causas dessa queda vertiginosa?

Difícil precisar, embora acredite que a maior parcela de culpa caiba ao próprio Cristóvão.

E aí é que pergunto: o que aconteceu com aquele técnico moderno que em poucos meses livrou o Fluminense dos abomináveis sistemas eivados de retrancas e chutões, marcas registradas da ultrapassada maioria dos técnicos brasileiros?

Suas últimas declarações não encaixam e deixam sempre uma ponta de dúvida sobre a real queda de rendimento.

Aceitar também com passividade as alegações dos atletas sobre cansaço sem questionar como poderia um elenco milionário estar exaurido passadas apenas cinco rodadas depois dos novos períodos de férias e inter temporada, proporcionadas pelo recesso da Copa é outro ponto incompreensível.

E, ao aceitar as desculpas, por que não deixou de fora todos os que se diziam “exauridos”, principalmente no jogo de volta com o América-RN, ideal para isso?

A realidade é que ele praticamente fechou o grupo em cerca de quinze atletas, relegando os demais à condição de meros auxiliares, quase sem chance de aproveitamento.

É verdade que tentou algumas opções, logo descartadas e aos poucos as eventuais sombras aos “eleitos” passaram a ser descartadas, o que transformou o Fluminense provavelmente no clube do Brasil que mais possui jogadores emprestados.

E por dispor de pouca gente confiável para ele, quando precisou mexer no time desandou a cometer erros.

Substituiu mal nos três jogos e Cícero foi sua vítima preferida, o que enfraqueceu por demais um dos melhores meios de campo do país.

Deveria ter em mente que a titularidade vitalícia acomoda, ainda mais em se tratando de jogador brasileiro, manhoso por natureza.

Se todos do elenco seguissem o exemplo do Conca a situação poderia ser bem diferente.

Apesar de ter percebido o problema e ter sinalizado sobre a necessidade de mudanças até agora não as efetivou, não sei se por falta de confiança no restante do elenco ou por receio de executá-las.

O modo como justifica as substituições também não agrada porque tendem a desviar o foco de seus erros, transferindo-os subliminarmente aos atletas, como pode ser observado em suas declarações após o jogo de ontem.

 “_ O Fred é um jogador que atua como pivô. Como a equipe não teve a mesma movimentação, a mesma posse de bola, criamos muitas jogadas de lado do campo. Tem que facilitar o jogo para ele ou qualquer outro centroavante que jogue na nossa equipe com essas características. A equipe não conseguiu fazer isso de uma forma melhor e então ele ficou muito isolado. Por isso, coloquei o Walter para fazer companhia. Tanto é que ele e o Walter tiveram oportunidades depois de fazer os gols”. (sic)

A interpretação pura dessas palavras pode levar os mais desavisados a inferir que a causa da queda de rendimento reside na presença do Fred, o que não é verdade, visto que ele esteve ausente durante todo o tempo do jogo contra o Coritiba e ao sair no intervalo contra o América-RN o time vencia por 2 a 1.

Ainda que a entrada do Walter tenha proporcionado as chances descritas, questiono por que não entrou no lugar do Sobis ou mesmo do Valencia, pois no fundo a verdade nua e crua é que a saída do Cícero desarrumou o meio de campo e deu chances ao Botafogo para fazer os seus gols.

Pior ainda quando justificou a derrota com essa pérola: “_Durante o jogo inteiro houve troca de domínio e muitas vezes a diferença é quando uma equipe faz o primeiro gol. Poderia não ter sido dessa forma, porque mesmo levando dois gols nós tivemos quatro oportunidades na frente do Jefferson. Se tivéssemos sido mais eficientes nesse aspecto, o resultado seria outro”. (sic)

Ou seja, muito parecido com as posições arrogantes daqueles técnicos manjados na base do “eu ganhei, nós empatamos, eles perderam”.

Uma pena porque declarações desse tipo geralmente levam o técnico a perder o grupo.

Não advogo, entretanto, a substituição do treinador.

Sinceramente não vejo no Brasil ninguém melhor, até os mais renomados trabalham na base da retranca.  

Ideal para mim seria a contratação do Sampaolli, mas isso é um desejo impossível de acontecer.

Por isso, mantenho as esperanças no Cristóvão.

Pode ser uma má fase passageira, mas inteligente como é mais cedo ou mais tarde há de perceber que Marlon é melhor que o Elivélton e que Carlinhos atua como sonâmbulo desde o título de 2010 e merece com toda a certeza amargar a reserva por algum tempo.

Um pouquinho de audácia poderia dar uma chance ao Fernando, que brilhou nos juniores e em alguns jogos no time de cima. Por que não arriscar já que o titular não consegue mais acertar um cruzamento sequer?

E se não der certo o que tem a perder se com os atuais o time desandou?

O problema é que tenho a nítida impressão de que o Cristóvão não gosta de trabalhar com a "prata da casa".

Vamos Cristóvão, vamos voltar àquela postura destemida.


E DÁ-LHE FLUZÃO!


DETALHES:

CAMPEONATO BRASILEIRO – 15ª RODADA

Botafogo 2 x 0 Fluminense

Local: Estádio Mané Garrincha, Brasília (DF); Data: 17/08/2014
Árbitro: Marcelo Aparecido de Souza (SP)
Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho (SP) e Marcio Luiz Augusto (SP)
Gols: Daniel, aos 19' e Zeballos, aos 22' do segundo tempo
Cartões amarelos: Bruno e Valencia

Botafogo: Jefferson; Edilson, BolÍvar, André Bahia e Junior Cesar (Julio Cesar, 36'/2ºT); Airton, Gabriel, Ramírez e Daniel (Rogério, 35'/2ºT); Zeballos e Ferreyra (Bolatti, 30'/2ºT). Técnico: Vagner Mancini.

Fluminense: Cavalieri; Bruno (Diguinho, 30'/2ºT), Elivélton, Henrique e Carlinhos; Valencia, Jean, Cícero (Walter, 13'/2ºT) e Conca; Rafael Sobis e Fred. Técnico: Cristovão Borges.


Um comentário:

ALEXANDRE MAGNO disse...

O desfalque em cima da hora do Wagner fez muita diferença, embora não tenha sido só isso, naturalmente, mas o jogo poderia ter sido outro com ele em campo.