O Estádio das Laranjeiras

Estádio Manuel Schwartz (Estádio das Laranjeiras): 90 anos de glórias.  



O estádio foi inaugurado no dia 11 de maio de 1919, com a vitória da Seleção Brasileira sobre a Chilena por 6 a 0 em partida válida pelo Campeonato Sul Americano.

A capacidade inicial de 18.000 espectadores foi ampliada para 25.000 em 1922 com a construção de mais um lance de arquibancada.

O objetivo da ampliação era o de sediar dois dos eventos comemorativos do Centenário da Independência, os Jogos Olímpicos Latino Americanos, na realidade o precursor dos Jogos Pan-Americanos e o Campeonato Sul-Americano de Seleções.

Os custos da ampliação foram totalmente cobertos pelo clube, apesar da mesma ter sido realizada a pedido das autoridades que precisavam de um local adequado para a realização dos eventos.

Segundo estimativas da imprensa à época, em diversos jogos tanto do Fluminense como da Seleção Brasileira, a lotação oficial do estádio foi ultrapassada alcançando mais de 30.000 espectadores.

No final dos anos cinquenta, a Prefeitura do antigo Distrito Federal desejou desapropriar o estádio por causa das obras de duplicação da Rua Pinheiro Machado, o que ensejou uma série de negociações com a direção do clube.

Finalmente em 1961, após marchas e contramarchas, o então Governo do Estado da Guanabara acabou por desapropriar parte do terreno do estádio, que perdeu o lance de arquibancada contíguo à Rua Pinheiro Machado.

Os detalhes dessas negociações não ficaram muito claros. Provavelmente não houve boa vontade por parte dos políticos e dos engenheiros e arquitetos do Estado para uma solução tecnicamente mais racional.

O fato é que com a desapropriação, a troco de uma indenização ridícula, o estádio teve suas dimensões reduzidas para 72 x 105 metros e a capacidade para 8.000 espectadores, não sendo mais utilizado hoje em dia para jogos oficiais.

Durante toda a utilização do estádio, o Fluminense disputou 839 jogos, com um aproveitamento de 70%. Marcou 2.206 gols e sofreu 1.049.

Em justa homenagem, em 2004, o estádio recebeu o nome de Manuel Schwartz, presidente vencedor dos idos de 1980, seguramente o mais lúcido das últimas décadas.

O estádio era muito charmoso, as famílias se reuniam para assistir aos jogos, programa imperdível nas tardes dos domingos cariocas, que se transformavam em dias de festa e magia, como atestam as fotos a seguir, referentes a uma partida entre cariocas e paulistas, realizada em novembro de 1926.





Apesar da tradição e do legado de vitórias e glórias mil, a realidade é que o estádio entrou em decadência depois da desapropriação, cujas cicatrizes ainda perduram. Hoje em dia é apenas um arremedo daquela bela praça de esportes e tem servido apenas para alguns jogos das divisões de base e do futebol feminino.

A perda de seu estádio culminou com a decadência técnica do clube tantas vezes campeão, a ponto de perder para o maior rival uma hegemonia histórica no futebol do Rio de Janeiro.

A alternativa de utilização tão somente do Maracanã para todas as partidas colaborou para o endividamento gradual do clube, tendo em vista as taxas escorchantes cobradas pelas autoridades políticas que administravam o estádio.

Tentativas foram e continuam sendo feitas no sentido de ser construído um novo estádio, mas até agora muita falação e nada de concreto.

Alguns no clube, talvez a maioria, desejam uma arena com capacidade em torno de quarenta  mil pessoas, onde seriam jogadas a maioria das partidas, deixando o Maracanã apenas para jogos de apelo que realmente suplantassem essa capacidade.

Projeto difícil de ser realizado, face à penúria do clube ocasionada pelas sucessivas administrações desastrosas.

O que existe de mais palpável no momento é o projeto idealizado por um grupo de tricolores abnegados, capitaneado pelo Caíque Ferreira, que contempla a restauração e modernização do estádio para uma capacidade prevista entre 15.000 e 16.000 lugares.

A idéia básica é que toda a captação de recursos seja realizada sem que seja necessário o desembolso de qualquer verba pelo clube. É um projeto "0800", como costuma dizer o próprio Caíque em seu site" Leiteria do Castilho."

O projeto está muito bem elaborado e já obteve a aprovação do atual residente Mario Bittencourt, que designou uma equipe de seu staff para trabalhar em conjunto com os idealizadores para apararem as eventuais arestas ainda existentes 

Só nos resta torcer para que o nosso presidente continue prestigiando o projeto e o faça sair do papel o mais rápido possível.

Relembrando o Estádio das Laranjeiras

O estádio que comportava mais de 25 mil pessoas e que foi palco de partidas da Seleção Brasileira, perdeu toda a sua pujança e hoje é apenas um arremedo do que foi.

Com a construção do túnel Santa Bárbara, surgiu a necessidade de se duplicar a rua Pinheiro Machado. O traçado, escolhido pelos doutos, passaria pelo terreno do estádio. Depois de muitas discussões e reclamações, o Fluminense teve, em 1961, parte de seu terreno desapropriada. Todo o lado contíguo à rua Pinheiro Machado foi demolido. As construções mais recuadas permaneceram rentes à rua, separadas por um pequeno muro de tijolinhos aparentes.

Não se pode precisar se houve estudos alternativos para a construção da nova via, mas provavelmente inexistiu vontade suficiente para tentar efetivar a desapropriação do outro lado da rua, ou usar outra alternativa que preservasse o local das primeiras apresentações da Seleção Brasileira.

E o pior é que muito tempo mais tarde, o Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural teve a cara de pau de decretar o tombamento do estádio das Laranjeiras.

O questionamento que se pode fazer é porque o bendito tombamento não foi feito antes do esquartejamento do estádio.

A foto nº 1, abaixo, mostra a vista aérea de todo o complexo, em 1919. Só existia um lance de arquibancada.

Na foto nº 2, da mesma época, a imagem de um jogo num domingo à tarde. Observem um detalhe interessante: naquela época, não havia alambrados e ninguém invadia o campo. Era um povo educado.


A foto nº 3 retrata a partida inaugural do Campeonato Sul-Americano de 1922, entre Brasil e Chile. Observem que as arquibancadas foram ampliadas, com a construção do segundo nível. Destaque para o grande número de torcedores que assistiram à partida de cima do morro vizinho ao complexo, devido à falta de ingressos. Pode-se ver, ainda, à direita da foto, as encostas recém desbastadas do Morro Azul.



A foto nº 4, na sequência, mais nítida, dá uma ideia melhor de como ficou o estádio após a ampliação. 




Nos finais das tardes, depois dos treinamentos dos atletas, havia a possibilidade da molecada bater uma bolinha nas pistas de atletismo, mas não era permitido jogar no campo para não estragar o gramado. E algumas vezes cheguei a participar de algumas "peladas".


A foto nº 6 retrata o momento de maior tristeza para os tricolores: a demolição da parte lateral das arquibancadas, que viria a mutilar irremediavelmente o charmoso estádio. 


A última foto mostra o monstrengo ora existente e que não tem sido utilizado nem para os jogos de pouco apelo, pelo fato do estádio não cumprir as exigências do Estatuto do Torcedor, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. 
Atualmente tem servido apenas para alguns jogos das divisões de base e treinamento da equipe feminina.