Bastou um mes de titularidade para Wellington Nem ser cobiçado pelos abutres que infestam as Laranjeiras. (foto: Marco Terranova) |
As equipes vencedoras do Fluminense jamais prescindiram de contar com craques revelados nas divisões de base.
Do primeiro título brasileiro, em 1970, eram titulares Marco Antônio, Denilson, Cafuringa e Didi e até mesmo da Máquina Tricolor idealizada por Francisco Horta e famosa por contar com craques excepcionais da Seleção Brasileira, várias pratas da casa como Edinho, Marco Antônio, Carlos Alberto Pintinho, Cleber e o “retornado” Carlos Alberto Torres participavam da equipe titular.
O ápice do aproveitamento das revelações tricolores ocorreu em 1980, quando a equipe campeã contava com nada menos que nove titulares formados no clube, ficando as exceções por conta do meia Gilberto, revelado pelo Atlético Goianiense e do atacante Cláudio Adão, que despontou no Santos.
Dentre os campeões nacionais de 1984 figuravam Ricardo Gomes e Deley, além de Jandir, Branco e Tato, que vieram do sul diretamente para a equipe de juniores.
A situação foi revertida nos anos 90 quando administrações caóticas, lideradas por dirigentes amadores e despreparados, alguns mal intencionados até, transformaram o Vale das Laranjeiras em manancial para locupletar os cofres de empresas e empresários inescrupulosos, que passaram a se aproveitar do clube, para o qual sobraram poucas migalhas.
Nesse mister, os períodos de Roberto Horcades se sobressaíram e uma série infindável de craques deixou o clube __ Marcelo, Diego Souza, os gêmeos Rafael e Fábio, Carlos Alberto, Wellington Silva, Antônio Carlos, Júnior César, Dalton, Marinho, Maicon, Alan__ alguns deles sem ter disputado uma única partida pela equipe principal. Arouca ficou um pouco mais e participou de jornadas importantes, em compensação sua "cessão gratuita" para o São Paulo até hoje não foi explicada.
A derrocada do Tricolor como time de ponta só não se consumou graças ao forte patrocínio, que permitiu algumas vitórias de expressão nesse caos generalizado.
Mas mesmo assim, em todas as ocasiões em que o Fluminense brilhou a presença de craques da base continuou sendo a constante.
Na Copa do Brasil de 2007 Fernando Henrique, Thiago Silva, Arouca, Carlos Alberto e Júnior César foram titulares absolutos e Romeu, Anderson, Lenny e Maurício também tiveram sua parcela de contribuição.
Na brilhante campanha da Libertadores 2008 destacaram-se Fernando Henrique, Thiago Silva, Arouca e Junior César como titulares, além de Alan e Tartá e no famoso "time de guerreiros", que proporcionou a histórica arrancada de 2009, estavam Maicon, Alan, Dalton, Digão, Dieguinho e João Paulo.
Mas como não há mal que sempre dure, ao ser eleito, Peter Siemsen destinou a Marcelo Teixeira a missão de conduzir o projeto de transformação de Xerém, de modo que os frutos gerados fossem integralmente destinados ao clube.
A posterior contratação de Rodrigo Caetano fortaleceu a ideia de que dessa vez o Tricolor iria realmente deslanchar e recuperar a hegemonia perdida nas décadas aziagas.
E não era pra menos, afinal Caetano era um dos dirigentes mais conceituados pela mídia que não cansava de enaltecer suas excelentes passagens por Grêmio e Vasco da Gama.
E não era pra menos, afinal Caetano era um dos dirigentes mais conceituados pela mídia que não cansava de enaltecer suas excelentes passagens por Grêmio e Vasco da Gama.
A
badalação era tal que cheguei a imaginar que finalmente o Fluminense dera a
guinada há tanto esperada e que agora sim o Vale das Laranjeiras faria jus aos
investimentos ali realizados.
Ledo
engano, porque após poucos meses de atuação Rodrigo já começou a dar mostras de
que seu método de trabalho não difere muito daqueles dos antigos dirigentes e usando
dos mesmos artifícios veio a público sinalizar com a venda de Wellington Nem.
Em entrevista ao site Lancenet, o dirigente pronunciou as seguintes pérolas:
– “Não é segredo para ninguém as dificuldades financeiras que o Fluminense atravessa. Nenhum clube no Brasil sobrevive sem receita extraordinária, que vem da venda de atletas formados no clube. Só espero que ele retarde esse momento de sair. Até porque, se ele for convocado para a Seleção olímpica aumentará o valor dele”.– “O torcedor tem de saber que se faz necessária em um momento a venda. Temos de tentar retardar isso, mas vai ter uma hora em que vai ser difícil manter. É sabido que de onde saiu o Nem, podem sair outros garotos”.
É claro não ser segredo para ninguém as marés de dívidas que envolvem os clubes brasileiros, principalmente depois da promulgação da espúria Lei Pelé, mas não será desfazendo-se por preços irrisórios de promessas que ainda estão despontando que as finanças do Fluminense serão salvas.
Mantendo a calma e esperando o momento propício, os lucros auferidos em negociações dos craques revelados na base serão muito mais proveitosos, além de sua permanência por mais dois ou três anos possibilitar a conquista de títulos que contribuirão para melhorar a projeção do clube e consequentes maiores arrecadações.
Caetano
deixou de avaliar alternativas como a rescisão de contratos de
atletas caros e que nada produzem, dos quais Wagner e Araújo são exemplos típicos, a intensificação da
negociação com a Roma para a cessão de Marquinho, que poderá render cerca de R$
11 milhões e até mesmo a venda do Martinuccio.
Mantendo a posição gananciosa de vender a qualquer custo jamais conseguirá a compreensão da torcida por mais que peça.
A época em que resolveu trazer o assunto à baila, uma semana antes de duas decisões dificílimas, é outra prova cabal de sua inabilidade para gerir o futebol do Fluminense. Parece até que está jogando contra!
Espero que a Torcida Tricolor não permaneça na passividade de sempre e não permita que as ações desastrosas do passado continuem a minar a grandeza do nosso clube de coração.
E DÁ-LHE FLUZÃO!
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