sexta-feira, 23 de março de 2012

Uma lição para Abel.


Tal e qual ao Fluminense o Vasco se enrolou com três atacantes.  (foto: Terra.com.br / AFP)

Muitas vezes a percepção dos torcedores que assistem aos jogos da arquibancada se sobrepõe à visão dos treinadores à beira do campo.

 Afirmações sobre a necessidade de experiência prévia como jogador ser fundamental para o desempenho da função de treinador não encontram respaldo consistente.

Carlos Alberto Parreira e Cláudio Coutinho são exemplos marcantes dessa assertiva, pois começando como preparadores físicos chegaram com sucesso ao comando da Seleção Brasileira.

Parreira conquistou o título de campeão mundial, feito só não repetido por Coutinho devido a uma armação vergonhosa na Copa disputada na Argentina.

Não se trata de querer afirmar que os torcedores tenham conhecimentos maiores do que os dos técnicos boleiros, mas o fato de se limitarem apenas à paixão pelos seus clubes sem sofrer pressões de dirigentes, empresários, mídia, etc., dá a eles uma autonomia que permite ver com mais clareza.

O desenrolar do jogo entre Vasco da Gama e Libertad, realizado na última quarta-feira, poderia servir de exemplo para Abel Braga.

Sabendo que qualquer outro resultado que não a vitória tornaria a classificação problemática e pressupondo que o adversário iria jogar fechado, Cristóvão Borges armou a sua equipe com três atacantes e a criação a cargo tão somente de Felipe.

O resultado foi um Vasco engessado, sem movimentação e presa fácil da retranca paraguaia.

Durante toda a primeira etapa foram apenas três chutes a gol, apesar dos brasileiros terem tido setenta por cento de posse de bola.

Ao final o empate acabou sendo um bom negócio, porque a rigor a única chance concreta de gol surgiu para o Libertad, num contra ataque bem elaborado, desperdiçado por Civelli que concluiu para fora .

Ainda bem que para os vascaínos seu técnico percebeu que a estratégia dos três atacantes não estava dando certo e durante o intervalo promoveu a entrada de Juninho em substituição a um deles.

A presença de dois meias criativos transformou o time do Vasco, tanto assim que com apenas seis minutos, o número de arremates ao gol já se igualava ao do primeiro tempo.

O panorama da partida mudou da água para o vinho, com pressão total sobre os paraguaios, de modo que os 2 a 0 foram obtidos rapidamente e sem muito esforço.

Com a vitória definida, o treinador pode dar descanso ao veterano Felipe, preservando-o para outras batalhas.

Equívocos semelhantes têm acontecido com frequência no nosso Fluminense, que vem sofrendo para ganhar de equipes medíocres que participam do campeonato estadual.

As derrotas e empates tem tido sempre um fator comum: a presença de três atacantes e apenas um armador habilidoso.

O fato de jogar com apenas um homem de ligação funcionou em 2010 pela simples razão da equipe contar com um atleta como o Conca, que além de estar presente nos trinta e oito jogos do Brasileirão, possuía uma condição física inquestionável.

Não me recordo de outro jogador de linha que tenha participado de todas as partidas de seu clube na era dos pontos corridos.

O jogo do Fluminense quando dispõe de Deco e Thiago Neves flui normalmente e o transforma numa equipe difícil de ser batida, porque tendo alguém para dividir a responsabilidade de criação, Deco pode apresentar todo o seu virtuosismo.

Sozinho, porém, não consegue jogar do mesmo modo porque lhe falta o vigor e a mobilidade de antes.

A turma da arquibancada enxerga claramente que o time vai melhor quando é definido com dois habilidosos no meio de campo.

Em todas as suas tentativas com três ou até quatro atacantes, Abel não conseguiu vencer.

Contra o Bonsucesso, ao que tudo indica, novamente o Fluminense será escalado dessa forma.

Pode ser até que funcione, face à fragilidade do adversário, mas provavelmente a vitória poderia ser mais tranquila com mais um armador como Lanzini, Lucas Patinho ou qualquer um dos garotos que brilharam na Copa São Paulo de Juniores.

Abel não pensa desse modo e deve iniciar com o esquema que até hoje não conseguiu agradar. Ainda assim, se desejar insistir com miríades de atacantes, que retire da equipe um dos volantes destinados tão somente à marcação e que não tem conseguido evitar que a defesa sofra sobressaltos demasiados.

Gostaria que o nosso treinador assistisse com atenção ao tape do jogo do Vasco e tivesse a mesma humildade do Cristóvão para mudar de opinião.
 .
E DÁ-LHE FLUZÃO!

2 comentários:

Jeferson _Vascao_ disse...

Cristóvão é um brincalhão, entrar com uma formação nunca treinada em um jogo de suma importância na Libertadores? Viu que estava de palhaçada e fez o básico no intervalo, voltou com Juninho e Allan, ao certo que a única mudança teria que ser Juninho entrar naturalmente no lugar de Diego Souza suspenso, bastou 30 minutos com o time certo para vencermos um jogo que o próprio treinador resolveu complicar. Se o meu Vascão não vencer a Libertadores, que vença o Fluminense.

Abraço

P. P. P. disse...

Caros amigos,

vejam esta notícia,
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O Fluminense fechou o ano de 2011 com um déficit de R$ 34,1 milhões, um pouco menos do que em 2010, quando teve prejuízo de R$ 41 milhões.
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Alguém me explique, por favor, como é possível os clubes ainda existirem, caso qualquer pessoa ou empresa gastasse a mais metade daquilo que aufere, já teria morrido de fome ou fechado as portas.

Desculpem, só queria compreender!

'E O BAILE CONTINUA...'

Abraços.

SSTT