quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fluminense 0 x 0 Flamengo. Copa Sul-Americana vergonhosamente relegada a segundo plano.

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Tinha tudo para ser um Fla-Flu dos mais eletrizantes, afinal de contas seria a primeira vez que o maior clássico brasileiro, e porque não dizer mundial, seria disputado em uma competição internacional oficial.
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O Flamengo fez a sua parte. Escalou sete titulares, deixando de fora apenas os contundidos e o Kleberson, que no mesmo dia servia a Seleção Brasileira. É verdade que poupou o Angelim, seu melhor zagueiro, que sentira o músculo e não estava em condições físicas ideais e não escalou o Adriano, que pediu para não jogar, mas isso é problema deles.
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Já o Fluminense destoou. Renato, repetindo a mesma estratégia do ano passado, cujo resultado se mostrou catastrófico e ainda hoje dói nos corações dos tricolores de verdade, mandou a campo onze reservas e pior que jamais haviam disputado juntos uma única partida.
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As palavras dos dois treinadores ao final do jogo assinalam claramente a diferença de postura quanto ao sentimento para com os respectivos clubes. Enquanto Andrade garantia escalar o time principal no jogo de volta, nosso treinador já adiantava que o nosso time seria o mesmo.
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Um repórter ainda insistiu com Andrade se não seria melhor poupar os titulares, ouvindo como resposta que se tivesse que poupar pouparia no Campeonato Brasileiro.
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Andrade e também a direção do Flamengo sabem muito bem a importância de um título internacional. O prestígio adquirido, além da boa premiação são os frutos colhidos quando se vence uma competição como essa. Se a levássemos a serio, quem sabe não nos encontraríamos novamente com o Boca Juniors ou até mesmo a LDU, nosso algoz no ano passado? Sem contar mais uma eliminação do urubu para desespero da mídia parcial.
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E existe um pequeno detalhe: a CONMEBOL ainda estuda a possibilidade de incluir o campeão da Sul-Americana na Copa Libertadores de 2010.
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Os clubes que fazem do futebol a sua mola mestra olham com carinho para a competição, mas o Fluminense não. Pra quê, afinal o clube tem tantos títulos internacionais que um a mais não significará absolutamente nada.
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Meus caros tricolores, Renato e sua trupe e nossa diretoria acéfala esquecem que a última conquista internacional do Fluminense ocorreu há exatos cinquenta e sete anos. A grande maioria da torcida ainda nem era nascida.
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Desculpas, como: "estamos na zona de rebaixamento", "temos que sair de lá o mais rápido possível" são os lemas preferidos dos aficionados da atual comissão técnica. Gente é só olhar clube por clube que disputa o Brasileirão para ver que o elenco tricolor, mesmo capenga, é superior à maioria deles. Há muito cavalo paraguaio por aí que já começa a fazer água.
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E cá entre nós, se o Renato não conseguir ultrapassar pelo menos quatro deles deveria ser proibido de exercer a profissão de treinador de futebol. A missão não é tão simples, mas também não é esse bicho de sete cabeças que tentam apregoar. É só escalar os atletas que estejam em melhores condições no momento e treiná-los um pouco. O grande e único problema talvez seja o de barrar as malas que nada jogam e tem titularidade cativa, sabe-se lá por quê.
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Quanto ao jogo, foi um sufoco só. Nunca assisti a uma partida olhando o relógio a cada dez segundos e torcendo para o tempo voar. Não criamos nada de objetivo e o zero a zero foi um resultado enganoso. Levamos duas bolas na trave, nosso goleiro esteve muito bem, três ou quatro defesas de alto grau de dificuldade.
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Como diria o Gerson, com "trocentos" cabeças de área e um só atacante é impossível fazer gol. A simples entrada do Maicon no lugar de um dos volantes já serviu para equilibrar as ações em boa parte do segundo tempo.
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É certo que as ausências de Edcarlos e Wellington Monteiro se constituíram em belos reforços para nós, a ponto de não levarmos gol. Agora estou num dilema cruel, reconhecer que eles são piores que o Fabinho. Para o próximo jogo torço para que o Renato reflita melhor e mescle alguns titulares. Não serão precisos muitos não. Luiz Alberto, Ruy, porque Mariano é dose, Diogo, Roni e Kiesa, por exemplo, bastariam para fazer jogo duro com os titulares da urubuzada.
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Que a nossa diretoria acorde de seu sono profundo em berço esplêndido e faça ver ao Renato a importância desse título para o Fluminense. Que o exemplo do Andrade seja seguido.
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Finalizando não podia deixar de responder ao amigo Marcio, que escrevendo lá do Texas, indignado com o descaso do Fluminense para com a Copa Sul-Americana, pergunta o que diria Nelson Rodrigues.
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Caro Marcio, Nelson deve estar bufando lá em cima, provavelmente reunindo um time da pesada para vir azucrinar as mentes acéfalas de nossos dirigentes e comissão técnica. Pode ser que esteja escrevendo uma crônica parecida com a que publicou no Jornal dos Sports em 28/05/1959, sob o título "A INDIGNAÇÃO DE BARRA MANSA", bastante atual para os dias de hoje e principalmente para a administração Horcades, transcrita a seguir em quase sua totalidade.
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"A INDIGNAÇÃO DE BARRA MANSA"

“Recebo, de Barra Mansa, a cópia de um abaixo-assinado que foi enviado à diretoria do Fluminense por torcedores de lá. Leio o documento e uma coisa posso antecipar:_ é uma página da mais alta indignação. Eu disse que li e posso acrescentar que reli. Que bela, que magnífica, que soberba cólera! E mais uma vez eu me convenço que só os indignados atingem a plenitude da condição humana.

Amigos, eis a verdade eterna: _ nada se faz sem indignação. É preciso que o sujeito esteja fulo dentro da roupa para que possa construir para a eternidade. Daí a minha simpatia humana pelo torcedor de futebol. Quem é o torcedor de futebol? Eu próprio respondo:_ é um cidadão que, a qualquer hora do dia ou da noite, está prestes a indignar-se. No campo, um lateral mal cobrado, um passe errado, um foul, um hands, tudo lhe é pretexto para a fúria mais homérica.
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Se a mensagem de Barra Mansa fosse de congratulações, eu não lhe daria uma gota de atenção. Felizmente, os abaixo-assinados estão furiosos e eu os felicito. Reclamam de quê? Da orientação que vem sendo dada aos negócios de futebol do meu clube. Eles argumentam com os banhos que levamos no Rio-São Paulo e vamos e venhamos :_ainda hoje, todos nós, tricolores estrebuchamos de humilhação. Amigos, quase fomos o lanterna. E o que nos salvou, do último lugar, foi aquela vitória sobre o Palmeiras.

O penúltimo lugar passou a ser assim uma espécie de glória, ainda que melancólica, ainda que amarga. Mas o pessoal de Barra Mansa não se dá por satisfeito. Acha, como eu e como todos os pós-de-arroz do século, que deveríamos ser os campeões. Exato. Quem olha para o nosso passado, quem examina a nossa história, quem conta os nossos troféus, quem vê os nossos títulos, tem de chegar, honestamente, a uma conclusão fatal: _ o Fluminense devia ser o primeiro em tudo e, particularmente, no futebol.

O futebol! Eu não quero subestimar a importância dos esportes amadores. Mas qualquer zebra do Jardim Zoológico, ainda a mais analfabeta, percebe o que é óbvio _ o futebol é vital para o Fluminense. Dele dependem, inclusive, as outras atividades esportivas. Acabem com o futebol, em Álvaro Chaves, e assistiremos ao assassinato do Tricolor. Por outras palavras: _ o Fluminense deixará de ser o que é, ou seja, o maior clube do Brasil, o maior clube da América do Sul, para se converter num local de bate-papo alegre e irresponsável.

Há tempos, houve uma consulta aos associados do meu clube: _ devemos liquidar o futebol? A simples pergunta bastava, por si só, para por abaixo a diretoria que a formulava. Está claro que ninguém quis o suicídio do Fluminense. E eu imagino que há de existir, em Álvaro Chaves, uma série de cavalheiros que, da maneira mais insidiosa e macia, há de estar querendo ver a caveira do time. Mas eu não creio que alguém possa matar o Tricolor.

No abaixo-assinado há um tópico que me surpreendeu. Diz lá que, ou a diretoria toma providências imediatas, ou em curto espaço de tempo, a torcida abandonará o clube. Aí eu discordo da mensagem de Barra Mansa. Eis a verdade: _ derrota nenhuma fará um tricolor deixar de sê-lo. Eu sei que estamos sofrendo. Mas a experiência ensina que o sofrimento aumenta o amor. Vejam os casais que brigam muito e que jamais se separam.

O que eu quero dizer é que o sofrimento, longe de separar, é um vínculo a mais. E só os clubes muito amados é que inspiram indignações tremendas como a do abaixo-assinado de Barra Mansa. Eles estão assim enfurecidos porque têm pelo Fluminense um eterno amor. Amor indignado, mas amor. Eu sei que temos apanhado muito, levado cada surra de criar bicho. Mas a derrota trouxe o Fluminense mais para o coração da torcida e a torcida mais para o coração do Fluminense.”

Nelson Rodrigues
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Que os espíritos de todos os tricolores iluminem as mentes obtusas de nossos cartolas e também de nossa comissão técnica para o retorno do Fluminense aos seus dias de glória e DÁ-LHE FLUZÃO!
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6 comentários:

Marcelo Reis disse...

Caro Hélio,

É realmente lamentável o que vem acontecendo com o Fluminense. É vergonhoso. Cara, esse pessoal ganha rios de dinheiro para jogar futebol (alguns poucos realmente jogam)e precisam ser poupados de jogar, como se estivessem comendo a bola, no auge da condição física e técnica? eles são pagos para isso, quem é o trabalhador que é poupado para trabalhar melhor? Tá faltando é botar essa cambada para trabalhar. Ontem o jogo foi ridiculo, me senti mal por ter assistido, não tinhamos laterais, o tal de Mariano não consegue dominar a bola ou acertar um passe, o J. Paulo é fraquíssimo, o Maurício...Deixa pra lá. Mas como vc bem disse, tire Ed Carlos e Monteiro do time que não tomamos gol. E coloque Maurício e Fabinho na meia para não fazermos gol. E para piorar, nosso comandante já antecipa que vai com esse time ridículo para o segundo jogo. Como é que o Fla vai entrar? Já superior,pois sabe que tem a obrigação de golear esse bando que emporcalha a cada dia a nossa tradição.

Abraço,

Marcelo

Helio R.L. disse...

Caro Marcelo,

É isso mesmo. Nada a acrescentar. Em minha opinião a responsabilidade toda recai na dupla de churrasqueiros gaúchos, Renato e Branco. Os jogadores são pernas de pau, com raríssimas exceções, mas ninguém pediu para não jogar. isso é estratégia covarde do boleiro, que só pensa em si e não tem nenhum comprometimento com o Fluminense. É por essas e outras que jamais me conformei com a volta dessa dupla.

saudações tricolores

Tricolor! disse...

De fato, é inaceitável.
Se um ou outro titular apresenta sinais de desgaste físico, ok, vamos poupá-lo para evitar lesão.

Um time inteiro de reservas é uma IMBECILIDADE sem tamanho.

Só acharia aceitável se o time já tivesse classificado para uma fase seguinte e fosse jogar contra adversários de menor expressão, como acontece no carioca.

Ainda assim, por mais imbecil que se seja, dá pra enxergar que pra um time sem conjunto como o atual é bom jogar, jogar e jogar. Ainda que uma pelada no aterro.

Sem mais.

Helio R.L. disse...

É isso Tricolor.
Parece que nem Renato e nem Branco aprenderam a lição. Ano passado, enquanto o time A treinava por mais de vinte dias e o reserva perdia todas no Brasileio, a LDU jogava. Resultado: banho de bola em Quito.
Esses caras pensam que porque jogaram bola sabem tudo, mas no funddo são umas antas. Deveriam se espelhar no que o velho e bom Didi, que sempre disse: "Treino é treino, jogo é jogo". Simplesmente lamentável.
Saudações Tricolores.

Marcio Cardoso disse...

Alô Hélio,

voltei de férias agora e vi o artigo com as palavras perfeitas do nosso grande escritor tricolor. Valeu mesmo! O importante é perceber que apesar dos cartolas que não sabem nada, o Flu conmtinuará vivo e grande nos corações da nossa grande torcida.

Grande abc,

Marcio

Unknown disse...

Desculpe usar o espaço mas, Marcelo Reis é uma que morou na Maia Lacerda?
se for DRCARLOSGON48@HOTMAIL.COM