quinta-feira, 6 de março de 2008

E os argentinos dançaram ao som do olé.

FLUMINENSE 6 X O ARSENAL


Foi uma noite perfeita. A exibição perfeita, o placar perfeito, a torcida perfeita. O resultado nem conta tanto perto da exibição de gala do time. Verdadeiro massacre, show de bola, um autêntico “tango com chocolate”. Parece que não combina. Mas para a torcida tricolor combinou e muito.

Sábio goleiro, o Cuenca, que, do alto de sua experiência, tomou um cartão amarelo aos 37 minutos do primeiro tempo por fazer cera. Fato inusitado. O time perdia por 2x0 e o seu goleiro fazia cera. Compreensível, pois era ele quem estava vendo de frente, em primeira mão, o avassalador carrossel tricolor. Sabia que, se conseguisse manter os 2x0, sua equipe sairia no lucro. Infelizmente, para ele, o juiz acabou com sua pretensão, e aí não restou alternativa a não ser apanhar a bola no fundo das redes durante a noite toda.

Foram dezesseis chutes desferidos contra a meta argentina e apenas dois contra o Fluminense, um em cada tempo. O domínio foi total, que nem vale a pena comentar a partida. A destacar apenas a beleza dos gols, principalmente o quarto, o segundo do Dodô, um dos mais bonitos que o Maracanã já presenciou.

Nota 10 para todos, para Renato, para os atletas que estiveram em campo, para os que não chegaram a entrar, mas que vibraram muito a cada gol conquistado pelos companheiros. Nota 10 até para o Fabinho, porque hoje não é dia para críticas e sim para enaltecer a esmagadora vitória.

Os “contra” de plantão sempre haverão de desdenhar a vitória maiúscula, como aquele apresentador paulista do Sportcenter. Simpático, sereno, mas que declarou que o time (do Arsenal) é fraquinho. Esqueceu-se de que o fraquinho é o atual campeão da Copa Sul-Americana e que conquistou o título sem perder nenhum jogo fora de casa. E que, além disso, é argentino. Fraquinhos são os times contra os quais jogaram os paulistas, e mesmo assim só foram derrotados depois de muito esforço e com gols fortuitos, de pura sorte, como aconteceu com o genérico de lá. No fundo, deve ser frustração por não ter tido o bom gosto de escolher o clube certo: o verdadeiro tricolor.

Nesse aspecto, os próprios argentinos foram mais realistas, como atesta o comentário do diário esportivo “OLÉ” em seu site, reproduzido abaixo.


Sin anestesia

"Arsenal, campeón vigente de la Copa Sudamericana, fue goleado esta noche por Fluminense por 6 a 0 en el histórico estadio Maracaná de Río de Janeiro, en el partido que completó la segunda fecha del grupo 8 de la Copa Libertadores de América".

"El final del cotejo mostró una pálida imagen de Arsenal, algo muy extraño, ya que habitualmente juega de manera correcta e inteligente fuera de Sarandí y a un Fluminense vistoso y demoledor ante casi 36 mil espectadores".

É, caros hermanos, “a pálida imagem do Arsenal, algo muito estranho” por vocês questionada, não foi devida a nenhuma deficiência da equipe portenha e sim à perfeição do Fluminense, que sapecou a maior goleada de um clube brasileiro num argentino.

Mas, voltemos ao Maracanã. A noite começou com os bons augúrios trazidos pela simpática Maria Chuteira, que informava à torcida tricolor que o comandante do policiamento havia dito que “o pó estava liberado”. Pó de arroz, é claro.

Mesmo com a tentativa de liminar por parte de um promotor do estado, a justiça manteve sua decisão inicial e permitiu que a torcida extravasasse sua alegria do jeito que estava acostumada a fazer. Olha aí, promotor. A cidade está cheia de bandidos, criminosos de colarinho branco e V. Sa. se preocupa com o pó de arroz. Que coisa esdrúxula! Parece ação de rubro-negro, vascaíno, botafoguense, sei lá.

Enquanto o time passeava em campo, a torcida dava o seu toque de classe. A cada gol, Alberto Bial vibrava e pulava como criança. Nas especiais, aquela jovem tricolor pela primeira vez via seu clube disputando uma partida internacional, ao lado de seu pai, rubro-negro doente, como ele mesmo se auto-intitulou, que torcia e vibrava com a atuação do Fluminense. Magia tricolor, capaz de cativar até o adversário mais ferrenho, deixando-o sem alternativa, a não ser a de se incorporar à galera e participar da festa numa noite iluminada.

E a turma que veio do Maranhão especialmente para ver o jogo. Simpáticos e felizes, só tinham contra si o charuto de cheiro horroroso que fumavam, como um cachimbo da paz, a cada gol.

Na saída, o encontro casual com um velho amigo. Usando uma réplica do chapéu do papa, levava pela mão o filhinho que, pela primeira vez, pisava no estádio. Pé quente, o tricolorzinho. Estréia melhor, impossível. Esse jamais deixará de curtir a paixão pelo Fluminense.

É isso aí, torcida tricolor. Vamos comemorar, porque jogando desse jeito, a classificação “está no papo”.

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