quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Fluminense venceu, classificou-se e a torcida vaiou. Incoerência ou não?

A apresentação foi ruim. Ao contrário do que declarou o treinador, o jogo não foi "pegado". Foi até tranqüilo demais. A equipe do Atlético Nacional certamente é uma das mais dóceis da competição. Não deu pontapé, jogou limpo mesmo vendo a classificação ir para o brejo. O Fluminense é que não andou. Jogou sem alma, sem garra e com certa dose de soberba.

Nesse quesito alguns se destacaram: Gabriel, Thiago Neves e Cícero, principalmente.

Gabriel quase que exige a bola no pé e quando de posse dela, não faz uma jogada objetiva, procurando enfeitar os lances mais simples.

Cícero, talvez de tanto ouvir que seria o provável sacado com a volta do Dodô, ao ver-se como titular, mostrou uma displicência que não tinha sido sua característica até então. Estaria ele se achando o máximo?
........................................................................
Thiago? Bem, Thiago pensa que joga muito mais do que a realidade. É um bom jogador, muito bom aliás, mas longe de ser um craque comparável aos do glorioso passado tricolor, como o próprio Renato Gaúcho, por exemplo. Neves não tem se empenhado como antes, além de tentar dribles desnecessários. Ainda está devendo um título. É isso mesmo, tricolores, não esqueçam que o titular do time que venceu a Copa do Brasil era o Carlos Alberto, Thiago entrava de vez em quando.

Washington é outro que não se encontra bem, talvez ainda esteja necessitando espiar os dois episódios de egoísmo exacerbado __ a insistência em jogar o amistoso com o Madureira e a teimosia em bater um pênalti sem condições físicas ideais. Em seu íntimo deve estar incomodado, porque sabe que essas atitudes contribuíram em muito para a perda da Taça Rio. Mas não se pode negar que sua aplicação continua a mesma.

Ygor. Nesse caso não se trata de falta de raça, até que ele é esforçado. O problema é a falta de habilidade. Chegam a ser constrangedoras as vaias a ele endereçadas, antes mesmo do início das partidas. De fato, quem deveria ser vaiado é aquele que incutiu em sua cabeça que ele possuía pré-requisitos para ser jogador de futebol. Esse sim, é um sádico. Deve ser o mesmo que influenciou o Fabinho.

Outro fato que contribui para a má vontade com o Ygor, independentemente de suas lambanças, é a proteção descabida demonstrada pelo Renato. Hoje mesmo, ao declarar que três ou quatro jogadores estão jogando mal, citou Gabriel, Thiago Neves, Washington e Arouca, mas omitiu o nome de seu "pupilo".

Do Dodô não se pode reclamar, chega a ser uma falta de sensibilidade. Parado há dois meses, vindo de uma cirurgia complicada, é natural que ele ainda esteja temeroso. Sabe lá se vai aparecer pela frente outra jamanta voadora desgovernada?

De qualquer modo, o Fluzão venceu com o gol salvador do Roger e está nas quartas de finais.

Voltando ao tema do título, a pergunta ainda não foi respondida. Se o Fluminense passou de fase com 100% de aproveitamento, por que a torcida vaiou?

A constatação é simples. Muitos ainda não perceberam, porque na realidade vitórias não podem ser vaiadas. Devem ser festejadas sempre. E a torcida sabe disso, tanto assim que em momentos de decisão sempre recorre àquelas máximas, igualmente decantadas por jogadores, técnicos e até dirigentes: "queremos ganhar até por meio a zero" ou "queremos ganhar até com gol de mão".

Então por que a torcida está vaiando? Simples. Ela não está vaiando a vitória. Ela está vaiando o futuro. Sim, o futuro do Fluminense. A torcida, aquela que vai aos estádios, que joga peladas, está antevendo que se continuar atuando sem padrão de jogo, sem que cada atleta tenha sua função bem definida e sobretudo "sem comer a grama", o time não será páreo para os adversários da próxima fase, seja ele o Nacional, de Montevidéu ou o Genérico Paulista, sem falar dos da semifinal, Cruzeiro ou Boca, mais difíceis ainda.
........................................................................
É isso que aqueles que reclamam das vaias ainda não conseguiram perceber. Elas estão sinalizando ao Renato que não podemos continuar jogando assim. Nome não ganha jogo. Se Gabriel está mal, que ceda o lugar ao Carlinhos. Se Ygor não consegue dar uma saída de bola convincente, que vá para o banco. Se Thiago Neves e Arouca não estão rendendo o que deviam, que se procure colocá-los nas funções nas quais eles se destacavam anteriormente. Se Washington ainda não curou totalmente o tornozelo que descanse até curá-lo.

É isso, simples assim. A torcida não é vidente, apenas enxerga o óbvio e já está demonstrando previamente sua insatisfação, por não mais agüentar observar ferrolhos serem colocados depois de portas arrombadas e títulos cada vez mais distantes.

SALVE O FLUZÃO E SUA MAGNÍFICA TORCIDA!
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
Após a classificação obtida contra o Nacional, o técnico Muricy Ramalho, ainda no Morumbi, ao ser inquirido sobre o adversário das quartas de finais, declarou em alto e bom som: __"A vantagem é que não teremos que viajar para longe. O problema é que o time deles é muito bom. Tem o Washington no ataque e dois meias, o Conca e o Thiago Neves que jogam muito. O time deles é mais técnico que o nosso, mas o nosso é mais briguento, mais batalhador, isso eu garanto".
................................................
As declarações do Muricy vêm ao encontro da sensação sentida pela torcida tricolor. Ela sabe que para passar pelo São Paulo será fundamental que todos se doem em campo durante os noventa minutos. Time, o do Fluminense é melhor. Para ganhar do São Paulo, será preciso apenas igualar a disposição. Se o time mostrar a mesma garra do Thiago Silva, Roger e Conca, a classificação estará bem encaminhada.
..................................................
Esperemos que o Renato consiga motivar a todos a jogar no limite, como fez o Grêmio na Libertadores do ano passado, que mesmo com uma equipe mais limitada, eliminou o São Paulo na base da superação física.
...........
Dá-lhe Fluzão!

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Hélio, por mais um comentário lúcido.

Não agüentava mais ler/ouvir bobagens sobre as vaias, de gente que parafraseava o que disse Juca Kfouri, jornalista que não prima muito pela capacidade de analisar futebol.

Ainda há vida inteligente nesse mundo!...

Diego

P.S.: A vontade de zoar a urubuzada é enorme, mas ainda não tamos em condições de rir da desgraça alheia... Pelo menos não muito.

Não estou nem um pouco otimista.

Helio R.L. disse...

Caro Tricolor,

Também fico satisfeito quando vejo que pessoas esclarecidas comungam da mesma idéia. Já estava me achando que "em viagem onírica", já que ninguém tinha observado o fato sob esse prisma. Seu comentário me animou a divulgar o artigo no blog do João Marcelo Garcez com o objetivo de avaliar as opiniões de outros tricolores ilustres. Não sei se eles vão ler. Aguardemos.
Quando á falta de otimismo, no fundo ainda tenho esperança em eliminar o Genérico Paulista. Sabe é aquela chama de tricolor torcedor, que não se apaga. Mas friamente, se olharmos os dois jogadores que eles tem no lugar dos nossos não confiáveis (Rogério Ceni e Hernandes) fica difícil não tremer de medo. Mas vamos lá, quem sabe o Ygor e o Fabinho não se machucam no treino?
Saudações tricolores.