Chegou a hora. A hora de soltar o grito preso na garganta há vinte e seis anos porque finalmente o nosso Tricolor é tricampeão brasileiro.
O Engenhão lotado prenunciava uma tarde nitidamente tricolor. Sentia-se no ar a possibilidade de outra jornada mágica, como as da arrancada do ano passado ou as apresentações soberbas da Libertadores.
A alegria e a confiança estavam estampadas nos rostos de cada um. Jovens e não tão jovens compartilhavam da mesma sensação. Os mais jovens ávidos por presenciar a conquista de um título de campeão brasileiro, só conhecido através de jornais, revistas ou programas de retrospectivas.
Os não tão jovens saudosos dos tempos áureos, quando o Fluminense era o clube tantas vezes campeão.
A presença de vários campeões de 1984 inebriava os torcedores e aumentavam a certeza da vitória.
Caminhando pelas ruas vizinhas ao estádio fui deparando com torcedores de todos os cantos do Brasil: Taguatinga, São Luiz, Manaus, Florianópolis, Fortaleza, Blumenau e até dois integrantes da Fluruguay.
Não encontrei os amigos da SAMPAFLU, mas sei que também estavam lá. Tampouco a Tutu Mesquita, que mesmo sem conseguir comprar o ingresso pela Internet, pedira ajuda aos blogueiros sobre alguma dica porque estava disposta a vir para o Rio de qualquer modo.
Não sei se conseguiu ou se mesmo recebeu minha informação, que afinal de contas acabou sendo imprecisa, porque o que mais vi nas cercanias do Engenhão foi cambista oferecendo ingressos, além de uma confusão no Portão Leste, devida a uma catraca quebrada que permitia a entrada de várias pessoas sem necessidade de passar o ingresso. Ah Tutu, se pudesse adivinhar, você teria entrado sem problema algum.
O jogo a princípio aparentemente fácil foi-se tornando em momentos de angústia. Mas tinha que ser assim, difícil como todos os títulos tricolores.
O fechamento do Maracanã antes da hora, arbitragens conturbadas, algumas calamitosas até, como o do jogo com o Corinthians no Pacaembu, acabaram por equilibrar um campeonato que teria tudo para ser uma verdadeira barbada.
À medida que o tempo passava e o gol não saia a angústia aumentava.
Todos estavam ansiosos demais e por isso não conseguiam jogar bem. Não acertavam os passes por mais simples que fossem, erravam posicionamentos e arremates.
O receio de não ver concretizada a coroação do trabalho, as baboseiras plantadas durante as últimas semanas sobre entregas, malas brancas e pretas, arbitragens tendenciosas contribuíram em muito para desestabilizar um pouco não só a equipe do Fluminense como as demais postulantes ao título.
Em contrapartida, os jogadores do Guarani pareciam estar disputando o jogo da vida, diferentemente do que fizeram durante todo o campeonato.
O nervosismo era geral, a ponto de alguns ensaiarem um princípio de vaia ao final da primeira etapa, felizmente prontamente suplantada por palmas e gritos de incentivo da maioria mais esclarecida.
Muricy conseguiu mexer com os brios da turma e fazer com que o time viesse mais solto para o segundo tempo.
O treinador estava inspirado, suas substituições foram precisas e depois do gol aos dezessete minutos, foi só administrar o jogo até o apito final.
Era a consagração, o título há tanto tempo esperado e a justa explosão dos torcedores, gritando a plenos pulmões: TRICAMPEÃO!
A premunição de Muricy acabou se concretizando. Em seu sonho, o sorriso do inesquecível Telê era o sinal que mesmo com sofrimento o Fluminense seria o campeão.
Quem sabe o temporal que se abateu sobre a cidade pouco depois do final da partida não tenha sido causado pelas lágrimas de emoção do próprio Telê e outros tricolores ilustres que viam em Muricy um novo messias para a ressurreição tricolor.
O fato é que a postura do Muricy de dar o mesmo tipo de tratamento a todos sem distinção foi um fator decisivo para o sucesso da equipe.
Tanto as premiações da CBF/Globo como da revista Placar/ESPN foram unânimes em escolher o Conca em todas as categorias que concorreu. Mariano, Leandro Euzébio e, claro, Muricy também foram agraciados.
Para a Torcida Tricolor, entretanto, todos os guerreiros são merecedores de lauréis. Desde Ricardo Berna, que entrou na fogueira até Tartá _ o último a ser integrado ao elenco, cada um contribuiu de certa forma para a conquista do título.
O craque do Brasileirão 2010 |
Incontestável a importância do Conca na conquista do título. Melhor jogador do campeonato para a grande maioria dos cronistas esportivos. A unanimidade só não veio porque alguns que se julgam acima da verdade não deram a ele o Troféu Armando Nogueira, ignorando ainda o fato de ter sido ele o único jogador de linha a participar de todos os 38 jogos. Mas como disse o Fernando Calazans: "ainda bem que o Armando não sabe disso".
Pela primeira vez em muitos anos, chego ao fim do ano despreocupado com os rumos do meu Tricolor.
Elenco equilibrado, com a maioria com contratos em vigor, necessidade apenas de poucas contratações pontuais e acima de tudo um treinador com os pés no chão, que não deixará de jeito algum que o título encubra as deficiências do clube, principalmente em termos de infra-estrutura para treinamento e recuperação dos atletas.
Tomara que eu esteja certo e que o Fluminense consiga repetir o desempenho em 2011, de preferência com o título da Libertadores e do Mundial.
E DÁ-LHE FLUZÃO TRICAMPEÃO!
TRICAMPEÃO TRICAMPEÃO TRICAMPEÃO TRICAMPEÃO TRICAMPEÃO
6 comentários:
Tricolor! disse...
"Pela primeira vez em muitos anos, chego ao fim do ano despreocupado com os rumos do meu Tricolor."
Isso resume o meu sentimento, também.
Rumo à quádrupla coroa: carioca-libertadores-brasileiro-mundial!!!
7 de dezembro de 2010 15:31
Calma Tricolor, Não com tanta sede ao pote. Vamos tentar os quatro, mas se vierem só a Libertadores, o Mundial e Tetra do Brasileiro, tá bom.
Saudações Tricolores Tricampeãs
Mto bom seu blog! Parabéns!
E belo texto tb sbr o time e a inesquecível vitória, q nos valeu o Campeonato! Assinaria em baixo c/prazer.
Curiosa a vida: durante a semana q antecedeu o jogo contra o Guarani, o Fred declarou q ficaria feliz se o Washington fizesse o gol do título. Bom, não se deu assim... Mas o Sr. Destino se encarregou de fazer a bola passar justamente pelo Washington antes de ela chegar ao pé do Emerson, para o chute q nos permitiu finalmente soltar o grito! :)
Tri-tri abraços,
- Tricolores e Tricampeões!
E, +1vez, parabéns!
Ange
Obrigado pela força Ange.
Procuro transmitir o sentimento da galera sofrida com tantos anos de decepção.
Creio que a partir de agora os bons tempos voltarão.
Saudações Tricolores Tricampeãs.
Indiquei seu Blog a um Selo, passa la no Blog do Vascão e confira!
Abraço
Jeferson
Acabei de adicionar seu feed para meus favoritos. Eu realmente gosto de ler seus posts.
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